24 de agosto de 2014

Conto: O Cravo e a rosa - Caio e Dora

Conto de Laços do Coração – Uma história em quatro mãos
Título: O Cravo e a rosa
Autora: Denise Costa Beliato

O sol reluzia ao meio dia enquanto Caio terminava de preparar o almoço Dora foi até a caixa de correio para ver o que o carteiro lhe deixou dessa vez. Feliz apesar de ter encontrado apenas uma única correspondência, dando meia volta caminhou lentamente em retorno para sua casa enquanto abria o envelope que seu irmão lhe mandou.
O condomínio em que ela e Caio viviam em Sinop era pequeno e com apenas 8 apartamentos sendo um dela, outro dele e os 6 restantes de outros universitários. Eles tiveram sorte de conseguir um apartamento de frente para o outro e sendo assim dividiam as despesas das compras e alternavam sempre em quem fazia a comida, pois agora Dora sabia cozinhar graças ao seu namorado competente que a ensinou.
Antes que chegasse à porta de seu apartamento ela já tinha aberto o envelope e lido à novidade, entrou e mirou em Caio que estava distraído cozinhando e cogitou na possibilidade de quando seria a vez deles. Ela o amava muito e queria estar pra sempre ao lado dele, talvez já fosse à hora de terem a conversa.
-Então tinha alguma coisa?
Caio tirou ela do devaneio quando notou sua presença.
-Convite do seu cunhado. – Disse levantando a correspondência - Vamos ler?
- Puxa vida, já estava demorando esses dois. – Disse com um sorriso maroto e ela sorriu indo até o sofá e sentaram juntinhos quase que abraçados.
Ela entregou o convite na mão dele e encostou a cabeça sobre seu peito enquanto ele lia. Ele leu os detalhes de onde seria o casamento, festa e nomes dos noivos.
-O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta 1 Coríntios 13: 4-7. – Terminou de ler e inclinando-se beijou a testa de Dora.
-Que lindo né? – Disse ela suspirando – Todos os meus irmãos praticamente casados – disse pensativa – Só vai faltar...
- A Clarisse e a Ana. – ele falou interrompendo-a e ela o olhou incrédula.
-Não seu bobo. – ela bateu de leve na mão dele – Elas são crianças eu iria dizer da gente. Vai ficar faltando nós dois.
- Ah sim. – Abraçou-a apertado – Logo, logo é a nossa vez.
- Hum...É... só por curiosidade, mais ou menos quando você acha que falta para nos casarmos? -Ela perguntou despretensiosamente.
-Bom... – Pensou ele – Esse ano a gente se forma, no outro a gente começa o mestrado e então vou procurar um trabalho melhor e na minha área para começar juntar um dinheiro para a gente se casar. Somando tudo devem dar daqui uns 10 anos. – Dora riu.
-Tá brincando, né? – Perguntou na brincadeira.
-Jamais. – Disse sério - Eu sei que é pouco tempo, mas vou lutar para que não passe disso. É melhor a gente ir almoçar senão a comida esfria e eu chego atrasado ao trabalho. – ele falou mudando de assunto e levantou-se do sofá.
“10 anos? Pouco tempo? Logo, logo?” – ela pensava.
Como ele pode pensar que isso é pouco e dizer isso naturalmente sério? Ela não via a hora de construir uma vida junto com ele e ele tinha tudo esquematizado para daqui 10 anos.
-Você não vem? – Ele a chamou da mesa.
-Claro. – Respondeu sem jeito.
Resolveu esquecer aquilo. Talvez ele mudasse de opinião quando visse o casamento da Mel e do Rodrigo e toda essa bobeira teria passado de um mal intendido. Sentou- se calada na mesa e permaneceu até Caio notar.
- Amor, está tudo bem? - Ele perguntou preocupado.
- Sim. – Ela não queria que ele soubesse que estava chateada pelo fato de que seu casamento demoraria tanto para acontecer. – Eu só estava pensando se nós compramos o presente de casamento aqui ou em Quatro Rios.
- Lá é melhor, pois não precisaríamos levar muita coisa.
Ela balançou a cabeça concordando e ele se levantou após ter terminado de almoçar aproximou-se dela e deu um beijo em seus lábios.
- Te amo minha linda, mas tenho que ir. – Sem dizer mais nada ele saiu.
O tempo passou e não fora dito nada mais sobre a história de casamento. Faltando três dias para o casamento de Melody e Rodrigo, Caio e Dora pegaram um avião direto para Quatro Rios, ela ficaria na casa do pai e ele no apartamento de Rodrigo que um dia foi seu. Ao chegarem lá foram recepcionados com um maravilhoso almoço em família somente a mãe e o padrasto de Rodrigo que não estavam.
- Eu estou super empolgada com o casamento... – dizia Clarisse uma das irmãs da Dora- Nunca fui dama de honra em um casamento e agora vou ser quase entrando na pré-adolescência.
Dora ouvia atentamente.
-Eu também vou entrar. – Enfatizou Ana a irmã menor.
-É mais você ainda é criança e terá tempo de entrar no casamento da Dora, já eu estarei velha demais para essas coisas, aliais já estou, porém vou quebrar o galho do Rô. – Concluiu Clarisse fazendo com que Dora se lembrasse de Carol a ultima garotinha que ela cuidou na época que foi babá.
- Clarisse fala como se fosse 5 anos mais velha que Ana. – Riu Paula madrasta de Dora e ela concordou.
- Clarisse hoje em dia não se usa só criança para ser dama de honra, nos Estados Unidos é comum a melhor amiga da noiva ser também e a Dora foi dama da Lia. – Falou Caio.
- Aliais, se for o caso de entrar só criança nem a Ana poderá. – Alfinetou Dora olhando para Caio – Até lá vocês estarão na faculdade.
- Como assim? – Engasgou Rodrigo e Mel deu uns tapinhas em suas costas.
- A gente está planejando ainda não tem nada certo, mas estamos pensando para daqui uns 10 anos. – Explicou Caio e todos olharam assustados menos Dora que já estava impaciente com isso.
- Não que eu esteja reclamando ou coisa e tal, mas não é muito tempo? – Perguntou Augusto desconfiado. – Você não está querendo enrolar minha filha ou está?
- Não imagina. A gente estava conversando... – Ele olhou para Dora – e decidimos que seria o tempo ideal para nós, não é? – Ele esperou que Dora confirmasse e todos permaneceram com os olhos fixos nela.
-Bem... Você decidiu isso... – Ela tentou ser cautelosa.
-Achei que a gente tinha combinado. –Comentou olhando bem nos olhos dela.
- Talvez não tenha ficado claro o que cada um quer. – Mel interveio – Tipo, Caio talvez você como homem possa ter imposto este tempo, mas você perguntou pra Dora o que ela quer ou o que ela teria em mente?
Todos estavam voltados os olhos para Mel e agora se viraram para Caio.
- Dora... – Caio voltou-se para ela – O que você quer?
Ela se sentiu constrangida com todos olhando-a e participando das decisões do futuro dela que preferiu deixar pra resolver isso depois.
- Os 10 anos estão ótimos. – Disse constrangida.
- Isso não vai acabar bem. – Rodrigo comentou baixinho com Mel.
- Faz alguma coisa. – Ela respondeu de volta.
- Vou bater um papo com o cunhado e mostrar pra ele como se faz as coisas. – Mel riu. – Não duvide a prova que vai dar certo é que vamos nos casar depois de amanhã.
Enquanto eles cochichavam os outros ficaram em silêncio.
- Puxa, olha hora. – Exclamou Rodrigo olhando no relógio – Caio, tenho que deixar a Mel em casa e ir buscar meu smoking e você também tem que alugar o seu então vamos indo.
- Ok. – Caio virá se para Dora – Me acompanha até lá fora?
Ela balançou a cabeça e foi acompanhando até a frente da casa enquanto Rodrigo e Melody o esperavam no caro.
- Amanhã a gente marca para sair para comprar o presente. – Ele segurou o queixo dela e a beijou.
- Caio! – Ela o chamou antes que ele se virasse para sair – Está interessado mesmo em saber o que eu quero? – Ele confirmou balançando a cabeça – Eu não quero me casar com você daqui a 10 anos.
Ele arregalou os olhos desacreditando no que ouviu e por estar demorando ouviu o som da buzina do carro então ele se virou para Rodrigo e fez sinal para esperar.
- Achei que a gente... – Ele não sabia o que dizer pra ela e tentou ser o mais breve possível.
- Você achou errado. – Ela atropelou as explicações dele – Eu entendo seus motivos e os respeitos, mas suas decisões só me levam a crê que você não se importa comigo e que muito pior que não me ama.
- Espera ai um pouquinho. Eu tenho milhares de planos para a gente não vejo a hora de o tempo passar para ficar juntos e eu mudei minha vida, mudei de cidade, fui para longe dos meus pais e você vem me dizer agora, que eu não te amo. – Balançou a cabeça inconformado. – Eu realmente não intendo.
- Eu gostaria de entender o seu amor. – Disse baixando a cabeça – Eu não pedi para mudar sua vida por minha causa, você mudou por que quis e seu soubesse que tacaria isso na minha cara depois de anos eu nem teria aceitado namorar você.
- Você está distorcendo tudo que eu digo, está começando a ficar neurótica. – Considerou sem pensar.
Dora levantou a cabeça e lançou um olhar maçante para ele.
- Não foi isso que eu quis dizer, eu... – Ele tentava se explicar. -...Dora é que...
-Esquece Caio. Você já disse. – Engoliu seu orgulho – Eu devo estar te sufocando com essa história. Eu acho que a gente nunca vai dar certo.
Caio conhecia bem Dora e sabia que tinha que fazer com que ela esquecesse o que ele disse.
-Não Dora. A gente briga de vez enquanto, mas é normal. Me perdoa eu expressei-me mal. – Ele segurou na mão dela. – Casa comigo?! Vamos nos casar ano que vem ok?
Olhou incrédula para ele.
- Cara o que está acontecendo? – Rodrigo chegou perguntando com Mel ao seu lado.
Ela fitava-o ressentida. Ele não podia pedi-la em casamento daquele jeito, naquele lugar e justamente por que ela se queixou. Parecia que ele fez isso por obrigação e para Dora era como se ele quebrasse um protocolo que só ela mesma entendia.
- Calma Rodrigo. Estou tentando resolver um problema. – Caio virou-se para Dora.
-Agora eu sou um problema? – Dora lançou um olhar penetrante.
Rodrigo coçou a testa e olhou para Mel de soslaio. O que fazer nesta situação.
-Depende. Vai aceitar meu pedido? – Perguntou sério, pois Caio às vezes conseguia ser bem duro quando estava bravo.
-Não. – Dora cruzou os braços. Ela estava muito chateada e sabia que em parte a culpa era dela, mas ela só conseguia pensar em como Caio mudava de um homem carinhoso para insensível. Cadê aquele Caio que um dia a conquistou?
- Então você é o problema. – Falou sem refletir.
-Gente pelo amor de Deus parem com isso. – Mel pediu.
Dora aguentou o que pode, então se virou e saiu andando de volta para casa sem dizer nada.
-Aonde você pensa que vai mocinha? – Caio interrogou-a bravo.
-Estou tentando afastar os seus problemas de você.
Dizendo isso Dora entrou na casa sem olhar para trás. Caio passou a mão na cabeça furioso e resmungou um “droga” para si mesmo enquanto Melody e Rodrigo assistiam aquilo calados.
-Mil planos por agua a baixo. –Olhou para Rodrigo como se pedisse uma ajuda- Eu estraguei tudo.
Rodrigo convenceu Caio para que fossem embora e que ele e Dora precisavam esfriar a cabeça para poderem conversa, depois que parassem para refletir tudo poderia se resolver e ele fez o que o amigo pediu, porém apesar de a magoa de ambos passarem ambos tiveram uma noite péssima.
- Como você está? – Paula perguntou para Dora assim que a moça sentou-se a mesa.
- Um pouco mais calma, porém com um pouco de dor de cabeça. – Falou com cara de sono. – Olha eu não aconselho brigar e passar a noite chorando. O que vou fazer? Eu não posso faltar ao casamento e eu não quero vê-lo.
Deitou a cabeça sobre os braços estendidos na mesa e logo Paula trouxe um copo cheio de água e um comprimido para dor.
-Tome, vai fazer bem. – Paula ficou observando enquanto ela engolia o remédio e em seguida bebia a água. – Ele ligou aqui em casa já que parece que alguém se nega a atender o celular.
Fez uma pausa esperando Dora dizer algo, entretanto ela permaneceu calada.
-Ele quer saber que horas pode passar aqui para vocês irem comprar o presente dos noivos. – Conclui. – Eu sei que toda essa confusão não está fazendo bem para você, mas é o casamento do seu irmão e da sua melhor amiga será que não dá pra passar por cima de tudo isso e tentar se dar bem com o Caio até os noivos saírem para a lua-de-mel? Vocês vão tem tempo para resolver isso. – Os olhos de Dora começaram a lacrimejar – Será que nossa conversa de ontem à noite não surtiu efeito algum.
- Paula eu acho que não vai dar certo. Eu sou muito infantil a culpa de estarmos separados agora é minha. Ele está preocupado com a situação financeira e eu só quero estar junto dele, mas um casamento implica em muitas coisas e eu não estou enxergando nada além do que eu sinto por ele. Ninguém vive só de amor. – Disse ela desabafando – É claro que também tem a parte em que ele me magoa com a forma rude dele falar, mas eu ... – ela suspirou e não conseguiu terminar porque seu celular começou a tocar – É ele.
-Atende. – Paula ordenou e ela negou com a cabeça e Dora entregou o celular para ela.
-Atende pra mim, por favor. Diz que não quero falar e que ele pode comprar o que quiser de presente e eu vou entrar no casamento com ele só não quero conversar.
-Ok. Só essa vez.
Paula fez o que Dora pediu e desligou o celular.
-Quando vocês começaram a namorar a gente teve aquela conversa e você era aquela garota apaixonada que os olhos reluziam de tanto amor, se você é ainda essa garota eu sugiro que vocês conversem e voltem de vez, pois todos os melhores relacionamentos passam por turbulências e acima de tudo se mantem firme. Mas, isso é só se você for àquela garota apaixonada.
Dora ficou refletindo quando ouviu a porta da sala se abrir e passos correndo entrando na cozinha.
-Hoje aprendi sua música. – Ana se aproximou de Dora e eufórica começou a cantar enquanto Augusto e Clarisse entraram atrás dela – O cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada o cravo saiu ferido e a rosa despedaçada...
-Ah, que linda. – Dora falou sem jeito.
-Ainda não acabou. – E ela continuou – O cravo ficou doente a rosa foi visitar o cravo teve um desmaio e a rosa pôs-se a chorar... – Ana inspirou para tomar folego – a rosa fez serenata o cravo foi espiar e as flores fizeram festa porque eles vão se casar.
-Nada a ver Ana – Disse Clarisse por trás – A Dora só brigou com o Caio e quem vai casar é a Mel e o Rô.
Dora não sabia o que dizer ainda estava com vontade de chorar, mas preferiu ficar calada.
- Suas filhas não sabem nenhum pouco o significado de discreto. – Paula disse com a boca semicerrada para Augusto e ele deu de ombros.
Deitada em sua cama Dora ficou olhando para o teto pensando até que ouviu alguém bater na porta.
-Posso entrar? – Era seu pai e ela consentiu que ele entrasse – Eu gostaria de conversar um pouco com você.
Dora se sentou e Augusto também.
-Olha eu não sou bom com isso, mas o que eu tenho para te dizer é que eu sou muito ciumento e foi bem difícil permitir que você namore estando longe de mim e eu não podendo ficar de olho nesse rapaz, por mim só se casaria meus filhos homens – Dora deu um leve sorriso – mas, minhas filhas estão crescendo e eu sei que não vou poder segura-las para sempre comigo, então se for para entrega-las será para os melhores “caras” que eu poder escolher...Dora eu só permitir o seu namoro porque vi o quanto Caio gosta de você e apesar disso eu queria que demorasse muito tempo para você se casar, mas isso vai depender de vocês. Dá uma chance para o rapaz. Nós homens temos por instinto ser os provedores do lar então fazemos nossos cálculos e agimos de acordo com o que podemos oferecer. Eu sei que ele te ama muito só tenha um pouco de paciência ou pelo menos pense a respeito do que eu acabei de falar.
-Ok. – Concordou ela.
-Abraço. – Ele se aproximou dela e a abraçou. –Sabe? – Ela olhou para ele – Parece que não mais nós homens sabemos o que estamos fazendo.
De repente o celular da Dora avisou que ela recebeu uma mensagem.
- Como não quero que faça cara de surpresa quando entregar o presente para os noivos venho por meio desta mensagem de texto dizer que rodei as lojas inteiras e o melhor presente que encontrei é um Playstation 3. Legal, né? Vou dar mais uma olhada, mas acho que esse é o melhor presente, assim eles poderão jogar quando estiverem entediados. – Dora leu a mensagem que Caio lhe mandou – Ele só pode estar brincando com a minha cara.
-Qual é o problema? – Augusto perguntou enquanto ela digitava uma mensagem de texto. – Playstation é legal.
Dora foi até o guarda-roupa e pegou um cardigã e olhou incrédula para o pai.
- Talvez não para as mulheres. –Ele riu e ela o olhou novamente. – Ok. É um péssimo presente de casamento.
- Os homens sabem o que fazem?! Sério? – Ela riu – Talvez o Caio seja a exceção. Empresta-me o carro?
Caio sorriu ao ver Dora na loja, porém ela estava séria.
- Não diga nada vim só escolher o presente.
-Ok.
Após escolher o presente os dois foram para o estacionamento.
-Dora – Caio segurou-a pelo braço e ela o olhou espantada- Eu sei que está chateada comigo e com razão, mas também estou chateado e nem por isso temos que ficar sem conversar. Pelo menos até o casamento acabar, depois a gente resolve como vamos ficar.
-Tá. – Concordou ela secamente.
Ele arriscou aproximar-se dela e dar um beijo, mas ela não reagiu e mesmo assim ele deu um selinho em sua boca.
A noite chegou e com ela a despedida de solteiro da Mel na casa do pai de Dora.
-Até que enfim te encontrei. – Disse Mel ao entrar na cozinha e encontrar com Dora fitando o celular. – Olha quem veio.
- Bianca, quanto tempo. –Dora se levantou e foi cumprimentar a amiga.
- Pois é. Viemos buscar mais “refri” porque o estoque da sala já acabou e eu mal cheguei. – As três riram – E onde está o noivo?
- O Caio bolou uma despedida de solteiro para ele então os rapazes estão todos reunidos no apartamento dele incluindo o meu sogro.
-Desde quando seu namorado entende de despedida? – Bianca cutucou Dora e ela olhou para ela – Desculpa, eu me esqueci que vocês estão brigados.
Mel abriu a geladeira pegando um refrigerante e logo abriu servindo três copos.
-Tá tudo bem Bianca. Agora que história é essa dele está na organização da despedida de solteiro do Rodrigo? – Disse injuriada – Como você confia nele Mel? E o que meu pai está fazendo no meio deles?
- Melhor ainda. Assim não tem perigo deles aprontarem. – Bianca riu tomando um gole do seu refrigerante.
Dora olhou para o celular como se esperasse uma ligação e suspirou desanimada.
-Algum problema? – Mel perguntou.
-Não. Não é nada. – Engoliu seco – Ele deve estar mesmo muito chateado, não atende ao telefone.
- Falei com o Rodrigo mais cedo e ele disse que só falaria comigo amanhã, pois a festa deles foi estabelecida regras e uma delas era desligar o celular, ou seja, só amanhã para falar com qualquer um deles.
- Quais dos idiotas criaram essa regra? – Dora perguntou brava.
-O seu idiota. – Bianca respondeu e caiu na risada. – Espera ai um pouquinho. Até onde eu fiquei sabendo não era você que nem queria vê-lo e muito menos falar com ele.
-Era. – Disse Dora ficando um pouco vermelha.
- O que aconteceu? – Mel e Bianca se juntaram a ela como se fossem confidenciar um segredo.
- Ele me beijou hoje. – Mel e Bianca a olharam como se isso fosse normal – Sabe, eu estava muito chateada com ele que achei que eu realmente deixei de gostar dele e lá no fundo era o que eu queria depois de tudo o que aconteceu, mas ele me beijou e eu mostrei resistência, só que eu percebi que eu não consigo viver sem ele. Eu amo o Caio e se eu tiver que esperar 10, 20 anos para um dia nos casarmos eu vou esperar porque eu amo ele. Eu acredito no amor que ele sente por mim e lá no fundo ele sabe o que está fazendo. Afinal, os homens sabem. – Ela se lembrou do que seu pai disse.
- É lindo o que você disse, mas será que eles sabem mesmo? – Perguntou Bianca brincando.
- Sim. – Respondeu Mel.
- Tirando a parte de comprar presente de casamento. – Dora objetou – Aliais Mel, te livrei de ganhar um Playstation. –Dora caiu na risada e as meninas riram sem entender.
* * *
Caio andava de um lado para outro preocupado na frente da igreja enquanto Rodrigo o olhava.
-Será que ela desistiu? – Perguntou ansioso ainda andando.
- Cara, relaxa o noivo aqui sou eu. – Rodrigo segurou no ombro do amigo. – Vai dar tudo certo.
- Você diz isso porque está se casado. Eu estou com um namoro praticamente rompido com índices ao total fracasso e estou arriscando todas as minhas fichas em uma garota que eu acho que nem deve mais gostar de mim. E eu me pergunto: Vale a pena? – Rodrigo estava hipnotizado olhado para frente atrás de Caio e nem respondeu – Rodrigo eu estou falando com você. Você acha que vale a pena?
-Ah vale. Vale muito a pena. – Rodrigo nem piscava.
Caio se virou para ver o que deixará Rodrigo tão vidrado e avistou Dora e ela estava deslumbrante que deixou Caio de boca aberta.
- Não fica com essa cara de bobo que ela é só sua irmã. – Caio deu uma batida de leve no braço de Rodrigo.
-Se ela tá linda assim imagina minha noiva. – Caio deu um leve sorriso e Dora se aproximou de Rodrigo colocando uma flor na lapela dele.
-Ela está linda. – Dora avisou.
-Eu não duvido. – Rodrigo sorriu.
-Mudando de assunto. Você viu meu namorado por ai? Fiquei tentando ligar a noite inteira para ele e não consegui, pois fiquei sabendo que ele estava em uma festa que não permitia o uso de celular. – Ela perguntou com um meio sorriso.
-Culpa dele. –Rodrigo apontou para Caio e Dora cruzou os braços reprovando a atitude dele.
- Estávamos tratando de assuntos importantes, digo em minha defesa e aliais alguém também não quis atender as minhas ligações e nem por isso fiquei jogando indiretas. – Caio não olhava nos olhos dela ele mantinha o olhar orgulhoso olhando para cima como se ela não estivesse ali.
-Eu errei e estou aqui porque reconheço meu erro. Por mais errado que nós dois estivéssemos eu devia ter parado para te ouvir. – Dora foi falando e chegando mais perto dele, ele resistia e não olhava para ela. – Eu achei que podia viver sem você em minha vida, mas eu te amo demais para conseguir tal proeza. Dá pra olhar pra mim quando eu estiver me declarando ou tem medo de ser totalmente seduzido? – Ele olhou nos olhos dela.
- Aprendi a ser resistente. Não será um par de belos olhos amendoados acompanhado por uma bela moça que irão me convencer com uma desculpinha do tipo: “eu errei...” – Dora sabia que ele estava tentando fazer de difícil.
- Você é mais forte do que eu imaginava. Pena que eu não possa dizer o mesmo de mim.
-Eu sei o que você está tentando fazer. – Engoliu seco, pois o nervosismo estava tomando conta dele. – Acha que pode vir em mim a qualquer momento e controlar meus sentimentos deixando eu nervoso e ao mesmo tempo fora de controle?
Dora envolveu os braços no pescoço dele e se aproximou aos poucos dele na intenção de beija-lo.
-Ah ela acha. – Rodrigo disse se virando para manter a privacidade dos dois.
Depois de tudo resolvido entre os dois o casamento foi realizado. Festa linda assim como os noivos. Dava para ver a felicidade estampada nos rostos deles e de toda família o amor era o elo principal daquela união e daquela família que estava totalmente entrelaçada.
Um dia depois da festa Caio teve que retornar para Sinop por causa de seu trabalho deixando Dora com sua família depois de uma semana em Quatro Rios ela retornaria para ao lado de seu amado que estaria esperando por ela no aeroporto.
-Não, não tem desculpa. – Dora falava ao celular ao entrar no condomínio em que mora em Sinop – O combinado era que ele iria me buscar e ele não foi e aliais desapareceu. Já liguei diversas vezes pra ele e ninguém atende. Eu não sei que desculpa ele irá dar, mas ele vai me ouvir. – Ela fez uma pausa para ouvir Augusto do outro lado da linha – Se aconteceu alguma coisa com ele? Ai, não diga isso pai agora eu estou preocupada. Ah, não acabei de passar pelo estacionamento e a moto dele está lá, ou seja, ele deve ter dormido e se esquecido de mim. É melhor eu desligar porque está difícil falar ao telefone e carregar essa mala. Tá não vai brigar muito com ele. - Desligou o telefone.
-Que beleza! –Exclamou ao chegar a seu apartamento e ver a porta semiaberta. – Ele ainda deixa a porta sem trancar.
Furiosa quando abriu a porta do apartamento e foi logo acender a luz.
-Não acenda a luz. – Ela reconheceu a voz de Caio que veio do meio da escuridão do seu pequeno apartamento e junto com ela um aroma saboroso.
-E como vou saber onde você está para eu poder te matar? – Disse ela zombando.
Nesta hora já tinha passado a raiva, pois era só ouvir aquela voz que tudo se acalmava dentro dela. Ele não respondeu, mas em poucos minutos ela pode ver as pequenas luzes dos piscas-piscas iluminando o local e Caio estava ao lado da mesa acabando de acender três velas no candelabro. Estava tudo muito lindo e ele estava muito elegante em um terno que fez ela ficar de boca aberta.
Após ele acender a ultima vela olhou para ela e deu seu meio sorriso que aqueceu o coração de sua amada.
-Eu te perdoo.
Ela se aproximou dele e ia dar-lhe um beijo.
-Eu prefiro que esperemos a sobremesa, pois ela será especial.
-Ok. E qual será o prato principal?
- Você saberá depois da sobremesa. – Dizendo isso ele foi buscar a sobremesa.
- Você está estranho. Gostei. – Ela riu – Está com cara de que quebraremos todas as regras do tipo misturar laticínios com cítricos.
- Você está engraçadinha. – Ele voltou com uma bandeja prateada fechada e a colocou em cima da mesa – Abra. – Ordenou-a.
Ela se virou para tirar a tampa e se deparou com uma pequena caixinha vermelha de veludo em forma de coração.
-Hum... Aposto que são brincos. – Disse tentando não se iludir.
- Vai ter certeza se abrir. – Ele aconselhou.
Ela pegou a caixinha e ficou pensativa.
- Sabe? Eu te amo e isso tudo está maravilhoso só que eu não queria que exagerasse quando não há motivo. – Disse séria com vontade de chorar – Quando chegar a hora eu vou querer que se ajoelhasse e faça conforme a tradição.
-Minha namorada é tão exigente. – Ele passou a mão pela face dela acariciando-a – Então vamos lá. –Ele pegou a caixinha das mãos dela – Qualquer esforço para tê-la valerá muito a pena.
Ele se ajoelhou na frente dela.
-O que tá fazendo? – Ela ficou estarrecida.
- Isadora Borges Evanz desde quando eu a conheci sabia que seria importante para mim, porém eu não sabia que seria dessa forma, mas Deus já. E eu agradeço a Ele todos os dias por aquela babá desengonçada correr atrás de mim achando que eu era um maníaco. – Ela riu – É triste lembrar que com o passar do tempo eu perdi muitas oportunidades de estar junto com você por tolice minha, entretanto não me arrependo nenhum segundo do tempo que gastei com você, pois eu só ganhei com isso. Foi com você que eu descobri o que é realmente o amor e eu te amo minha linda. Por muito tempo eu quis ser aquele que enxugava suas lagrimas eu quis estar o tempo todo ao seu lado te dando força, mas você sempre foi tão forte e parecia que não precisava de mim, mas eu aprendi que somos totalmente completos, mas sempre falta uma peça para nos tornar inteiro... – Dora começou a deixar as lágrimas caírem – Você é a peça que faltava na minha vida. – ele abriu a caixinha mostrando as duas alianças – Aceita se casar comigo?
-Caio... – Ela ficou sem palavras.
- Antes de você dizer qualquer coisa tenho que falar que tem mais de um ano que venho me preparando para este dia e no dia da despedida de solteiro do Rodrigo eu reuni os homens da sua família para que perante todos e Deus eles me concedesse a permissão de podermos nos casar. – Dora estava surpresa – Aquela história de 10 anos foi uma desculpa para você não desconfiar de nada, mas as coisas fugiram dos meus planos eu jamais planejei brigar com você e fiquei irritado porque isso aconteceu por isso tentei de tudo para resolver e acabei estragando...
-Tudo bem, não diga mais nada. – Ela disse emocionada – Me perdoa?
-Só se aceitar o meu pedido.
-Você ainda tem dúvida? – Ela sorriu.
-Só queria confirmar.
- A resposta é sim. – Ela se agachou e o beijou fazendo com que ele se levantasse e continuasse a beija-la.
Ele colocou o anel no dedo e beijou a mão dela.

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