23 de abril de 2013

Belo Começo

Na escuridão do elevador Dora entrava em conflito com os seus temores. Tinha pavor de ficar no escuro em lugares desconhecidos e com pessoas estranhas. Não sabia se gritava ou se ficava quieta em seu canto, decidiu ficar na sua. Ela mal podia acreditar que logo após sua entrevista de emprego ficaria preso ao elevador. Seus nervos estavam à flor-da-pele o único pensamento em que via a cabeça era No que foi se meter?
Não sabia se o que aconteceu foi uma queda de energia ou algum problema no sistema, mas o conflito foi logo resolvido e isso inclui a aparente discursão cheia de ironia de uma moça e um rapaz que estavam aprisionados ao elevador junto a ela.
Quando conseguiu se livrar deste sufoco saiu sem reparar os companheiros do elevador.

 Ao chegar em casa sua mãe estava a sua espera. Antes de relatar os acontecidos para dona Isabel, Dora bebeu dois copos de água gelada de uma vez só que até doeu à garganta, tossiu e sentou-se para conversar com a sua mãe, logo após foi para seu quarto para tomar um banho.
-E aí? Como foi a entrevista? – sua irmã Lia perguntou logo que a viu entrando no quarto.
-Foi bem. – disse logo após um suspiro – Hoje foi um dia daqueles.
Dora e Lia além de irmãs eram ótimas amigas e a garota gostava muito de se abrir com ela.
-O que aconteceu? – Lia preocupou-se.
Dora olhou para os lados como se escondesse alguma coisa.
-Entra aqui no quarto que eu te conto.
As duas entraram no quarto e Lia se sentou na cama afastando umas roupas que ali estavam.
-Bom... Vou cuidar da Carol uma garotinha de 7 anos. Sabe? – disse sentando perto da irmã – Acho que ela não foi com a minha cara ou não gosta da ideia de ter uma babá. Ela me olhou de cima embaixo e agiu comigo como se eu fosse a criança. Ai... – fechou os olhos e olhou pra cima – Espero que ela não seja daquelas meninas mimadinhas, senão eu não irei aguentar.
- Ok. Desejo-te sorte, mas acho que não é bem isso que quer me contar. – Lia conhecia a irmã e sabia que a algo a mais.
Dora coçou a nuca preocupada.
-É o seguinte, logo que sai do apartamento da minha “patroa” o elevador que tomei deu uma pane e fiquei apavorada naquele escuro com os outros que estavam lá. Fiquei com medo que desse uma queda livre, mas tudo voltou ao normal, acho que só foi uma queda de energia.
-Nossa. – Preocupou-se a irmã – Que perigo. Você contou pra mamãe?
-Achei melhor não. Ela poderia se preocupar muito e não permitir que eu trabalhasse, mas já que está tudo certo não quero desistir logo agora. Vou procurando outro serviço enquanto ganho uma graninha neste. Por favor, não conte pra mamãe. – Pediu a irmã.
-Pode deixar. Não quero ver a dona Isabel com seus chiliques de preocupação.

**
Apavorada Dora a cada minuto olhava no celular para ver que horas eram. Já havia passado 5 minutos do horário do sinal do colégio de Carol. Como agora ela era a babá da garota teria que busca-la todos os dias, porém sábado e domingo não trabalhava.
- Isso não está acontecendo. – pensou negando – Não no meu primeiro dia.
Inquieta levantava a cabeça para ver onde estava. O ônibus ia devagar devido ao congestionamento do transito. A garota pensava no por que daquela geringonça não poderia ir mais rápida, mas sabia que não era culpa do ônibus. Para sua infelicidade o transito parou totalmente devido ao um acidente de carro há duas quadras a frente.
Decidida levantou-se do seu assento e seguiu seu caminho a pé. Correndo torcia para que estivesse tudo bem com a menina e que ela não conte nada para seus pais, pois isso seria péssimo para sua reputação.
Conseguiu chegar ao colégio, entretanto o desespero aumentou. O fluxo de crianças que havia naquele local deixou Dora desesperada.
Como encontraria Carol no meio daquilo tudo?
  A menina era pequena, magricela, de cabelos loiros e olhos azuis, não era o tipo diferente, porém não conseguiu encontrar nenhuma garota de cabelos tão claros como o dela.
Olhou para todos os lados desesperada até que enfim viu uma garotinha distanciando do colégio que com certeza seria ela, mas para aumento de seu desespero ela não estava sozinha havia um rapaz levando-a.
Dora além de chegar atrasada você perde a menina e um maníaco a estuprador a sequestra. Belo começo. – Ela pensou.
Ainda desnorteada ela não deixaria barato. Correu aflita entre as pessoas que estavam na rua. Se fosse acontecer algo de ruim ela pelo menos tentaria intervir. Quando conseguiu se aproximar o máximo deles ela parou.
-Ei você! – disse ofegante, porém brava – Aonde pensa que vai com essa garota?
Dora esperava que depois de tanta braveza o cara largasse a garota e sairia correndo como se fugisse da policia, pelo contrario, ele se virou e a encarou.
-É melhor largar essa menina. Acha que uma garotinha satisfaria seus desejos? Olha o seu tamanho. – Dora estava disposta a falar sem parar – É melhor você sumir da minha frente antes que eu chame a policia. – Disse confiante.
O rapaz riu da cara dela, mas logo em seguida parou por ver o semblante da moça fechada.
-É seguinte defensora dos fracos e oprimidos, essa garotinha é minha vizinha e a irresponsável da babá dela se esqueceu de que tinha um compromisso. Estou livrando aquele aprendiz do mal que ela poderia ter causado a Carol. – O rapaz se explicou sério.
Os olhos verdes do rapaz a fuzilava e aquilo a constrangeu.
-Caio ela é a minha babá. – Carol esclareceu a situação deixando o rapaz mais revoltado.
-E...eu não sou nenhuma irresponsável. – falou gaguejando – O ...
- Olha, eu não estou nem ai para as suas explicações. Eu não posso estar aqui todo dia para aliviar sua barra. Se for a babá faça seu serviço direito. – disse ele rude. – Até mais Carol.
Carol deu tchau enquanto Dora engolia todas as palavras dele. Sentiu-se tão envergonhada e constrangida que quis chorar, mas ponderou pela presença da menina. Pegou na mão da garota e seguiu seu curso.

Um comentário:

Vinícius Cannone disse...

Pensei que ia ter outro gancho, como que ela não acharia a menina e a situação teria uma solução no capítulo seguinte, o que demonstra uma maneira original, nada convencional de escrever.

 renata massa