15 de junho de 2014

Conto "Estrela cadente" - Uma história em quatro mãos - Laços do coração

Por Rita M. Cardoso

É apenas mais uma noite
E estou olhando para a lua
Vi uma estrela cadente
E pensei em você...
♥ • ♪• ♫• ♥
All Of The Stars – Ed Sheeran



Não dá para negar o efeito que ela tem sobre mim.
Cada vez que o meu coração dispara quando a vejo sinto o mundo desacelera a minha volta.
Cada sorriso esboçado, por mínimo que seja, me tira o fôlego me deixando com a confortável sensação de inércia.
Borboletas no estômago... Mãos gélidas... Mente nebulosa...
Uma equação infinitiva de reações.
Cada instante, cada momento, é uma amostra gratuita do futuro que me aguarda. Sim! Um futuro de pequenos instantes inesquecíveis e inexplicáveis que me fazem ter certeza de que tudo o quê vivemos até aqui valeu a pena.
Nesse momento o frio está me fazendo tremer. Ou será que é o momento que está me fazendo senti-lo?, pergunto-me enquanto pressiono nervosamente meus lábios, sem desviar meu olhar do seu.
É apenas uma pergunta.
Uma simples pergunta que pode mudar nossas vidas para sempre foi feita. Ou será que é a resposta que mudará tudo?
Respiro fundo, contando os segundos, minutos, de acordo com cada batida do meu coração. Ele bate tão freneticamente que talvez um grupo de percussão tenha se mudado temporariamente para o meu peito.
A quero na minha vida para todo sempre!, penso com o coração disparado.
A pergunta foi feita!
Mas, por que a resposta está demorando tanto?
Sorrio nervosamente querendo profundamente voltar no tempo. Talvez a maneira que me expressei fora errada. Ou o momento não era oportuno.
Mas, tudo parecia tão perfeito, inspirador, o planejei durante dias, ensaiei cada gesto, cada fala, esperei surgir a oportunidade ideal.
Na minha imaginação o dia dos namorados seria a data perfeita, e até mesmo o universo deu uma ajudinha criando aquele manto luminoso sobre nós e enviando aquela estrela. E o momento acontecera! Será que não foi o bastante?!
Fito o pequeno objeto brilhante que se encontra na palma da minha mão. É isso aí, Rodrigo! Respire fundo, acalme-se e não deixa o seu nervosismo e o medo da negação futura de assustar, vai dar tudo certo!
Sem chance, já estou apavorado!
Sempre pensei que a nossa consciência nos ajudasse num momento como este, nos fizesse ponderar, repensar umas mil vezes antes de qualquer decisão definitiva, mas parece que estou enganado, ela só está me atrapalhando.
Oh, Deus! Passaram-se apenas alguns minutos e já estou enlouquecendo!
Revejo cada detalhe do momento que chegamos aqui, até esse instante infindável para saber onde errei.
Tudo começou com uma noite tranquila e agradável de outono. Um céu repleto de estrelas. Duas partes de um mesmo ser abraçados sendo banhados pela luz de uma lua cheia.
Um cenário perfeito.
Então algo aconteceu. Uma estrela cadente cruzou o céu noturno, rápida, mas lenta o bastante para ser percebida, e na verdade fora.
Melody olhando-me sorriu.
— O que você pediu? — indagara num quase sussurro.
Seus olhos brilhavam.
O cenário perfeito se tornara ainda mais perfeito, ficara completo. E, simplesmente o momento oportuno havia surgido, me fazendo tomar uma decisão.
— Nada. — falei e poderia ter dito a clássica frase: Tudo o que eu preciso está bem aqui, nos meus braços. Seria romântico do mesmo jeito. Mas, ao invés disso separei-me um pouco dela e segurei suas mãos nas minhas apertando-as levemente, disse: — Não é para ela que quero fazer um pedido. — respirei fundo e prossegui com toda a coragem que possuía. — Lembra quando nos conhecemos? — indaguei.
Levantando uma sobrancelha ela me analisou antes de sorrir.
— Café. Acidente. Queimadura. Ânimos exaltados. — citou divertida. — Como poderia me esquecer?!
Assenti, encarando-a profundamente.
— Acho que foi naquele momento. — sorri para a expressão de confusão em sua face. — O momento em que me apaixonei por você, acho que foi exatamente aquele. Talvez eu só não quisesse admitir que algo havia acontecido naquele momento. Foi como um chamado obrigatório para vida. Uma intimação irrecusável. — levei a minha mão até o seu rosto e deslizei calmamente o polegar pela maçã do seu rosto, ela sorriu. — Seus olhos, sua expressão séria e decidida enquanto olhava para mim naquela
ocasião. Fora como um gatilho. — confessei. — Depois daquele dia, sua imagem vinha sempre no momento mais inoportuno na minha mente e sua presença tornava-se constante. E finalmente entendi que não tinha mais como fugir do que eu estava sentindo. Você já era, e sempre fora a pessoa por quem meu coração ansiava. E estarmos aqui hoje me faz ver o quanto tenho sorte por tê-la encontrado. — nesse momento senti meu coração pulsar dolorosamente, pressionando as minhas costelas, e minha respiração falha. É agora ou nunca!, pensei. — Melody, você me ajudou a abrir os meus olhos, retornar para a vida. Fez-me amar novamente, ou, talvez, amar pela primeira vez, verdadeiramente...
— Rodrigo... — vi que seus olhos estavam marejados, emocionados, como se previssem o que estava por vir.
A silenciei pousando o indicador sobre os seus lábios rosados. Só então percebi que eu estava tremendo. Porém, não me permiti voltar atrás.
— O que estou querendo dizer é que, é com você que desejo passar todos os dias da minha vida, cada instante, cada segunda, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza... — retirei a pequena caixinha que há uma semana carregava, esperando o momento certo para abri-la. E o momento chegou. Segurando umas de suas mãos e sem parar de fitá-la, ajoelhei-me, abri a caixinha, a boca seca, mãos tremendo, coração disparado. E finalmente... — Melody Angnel, aceita se casar comigo?
Silêncio.
Isso acontecera há quase cinco minutos. E o silêncio perdurava.
Um relâmpago. Silêncio. Queda brusca na temperatura. Silêncio. Um pingo de chuva. Silêncio. Um aperto doloroso no peito. Insegurança...
Não era bem o que eu esperava, definitivamente.
— Mel... — hesito. — Bem, talvez eu tenha me precipitado e... Você não precisa responder. Podemos fingir que não perguntei nada e que esse
anel nem existe. — digo atropelando as palavras e faço menção de fechar a caixinha de vez. Mas algo me impede. Uma mão, delicada e trêmula que entrelaça sua mão na minha. Noto que estava tão imerso em pensamentos hipotéticos que não havia percebido o momento em que Melody ajoelha-se a minha frente.
O que antes era apenas pingos brandos, transforma-se uma chuva inesperada. E, enquanto a chuva cai lentamente com cristalinas gotas frias impregnando o ambiente com a sensação de término e incompletude...
Após longos minutos em silêncio e sem nenhuma reação dela, a vejo sorri. Aquele sorriso mesclado com aquele olhar enigmático.
Meu coração acelera ainda mais. Meus olhos se fixam nos seus, que devolvem o olhar com intensidade.
— Sim! — responde com a voz fraca, no entanto, com um sorriso que vai aumentando gradativamente. Sorriu de volta antes de selar esse singelo momento com um beijo.
Após o beijo ponho finalmente o anel em seu dedo.
— Você me faz tão feliz! — confesso com a voz um tanto embargada. — lo ti amo, Melody! In eterno!
— Io ti amo troppo! Você também me faz muito feliz, Rodrigo!
Enlaço meus braços em sua cintura e a aperto forte contra mim, sem me importar com a chuva, pois ela nada mais é do que estrelas cadentes, caiando sobre nós.



Fim!

Um comentário:

Anônimo disse...

Liiiiiinnndooooo!!!! Continue assim. Parabéns ! Amei esse conto.

 renata massa