21 de dezembro de 2013

Capítulo 39 - Feliz Ano Novo!





Esses meses foram um inferno na vida de Caio, as coisas estavam mais ou menos pacificadas desde que Mel voltara e iniciara o namoro com Rodrigo, Juliano parou de distribuir agressões gratuitas a seu companheiro de apartamento. Dora andava ocupada promovendo sua nova carreira e parecia muito feliz. Na verdade parecia feliz demais ao não incluí-lo na pauta de seus dias, com aquela conversa pendente e o clima constante o deixavam numa frustração enorme. Ele havia beijado Luísa na festa, embora ele a desejasse naquele momento, ficou completamente claro pra ele que fora só isso. Luísa tinha sido o ideal de sua vida por anos e fora difícil esquecê-la, foi doloroso, mas definitivamente não a amava mais. E agora ela insistia em procurá-lo e ligar pra ele sempre. Ela não era uma mulher fácil de se resistir e pra ele era mais difícil, isso foi até aquele beijo, até ele perceber que havia algo além do desejo imperando nele. A cada dia que passava Dora se tornara mais e mais importante pra ele, fazendo com que todo o resto fosse irrelevante, incluindo Luisa. Porém se viam raramente mesmo sendo vizinhos. Ela chegava muito tarde e a buscavam muito cedo e quando estava em casa estava dormindo de tão cansada. Ela iria fazer uma viagem de dois meses para o Rio de Janeiro e ele fora lá se despedir. Enquanto ela fazia as malas tropicando de sono.
- Ainda bem que vou dormir esse voo todo. Esses dias me cansaram! – falou ela se jogando no sofá ao lado de Caio encostando a cabeça no espaldar do mesmo.
- Tá, puxado pra você.
- Nem tanto, são os horários que não estou acostumada. – bocejou se aconchegando mais no sofá– Desculpe.
- Dora...
- Hummm
- Sei que não parece o momento mais eu acho que devíamos conversar agora. As coisas estão mudando, quase não nos vemos e...- ele olhou pra ela e já havia apagado. Rodrigo saíra com Mel, eles estavam sós e ela adormecera toda torta no sofá. 
Ele a pegou com cuidado nos braços e ela instintivamente se aninhou nele, o impregnando com seu cheiro de água e sabonete suave, ele a levou até seu quarto e a pôs delicadamente sobre a cama, num reflexo involuntário ela puxou sua mão o fazendo desequilibrar e se deitar ao lado dela. Ele tentou se desvencilhar do acidental abraço não querendo se aproveitar dela, conseguiu puxar lentamente a mão e pôs um travesseiro no lugar de seu braço, porém permaneceu ao lado dela observando tirou o cabelo do rosto e deu-lhe um beijo na testa. Tirou-lhe os sapatos, pegou a coberta e a cobriu.
- Um dia Dora. A gente ainda conversa! – sussurrou baixinho e a deixou.
David tinha talento nato pra palhaçada e também pra aliviar o stress de Dora com o mundo competitivo e acirrado de ego’s no mundo da moda. Não levava nada a sério e era carioca, não que os cariocas não sejam sérios, mas sabem viver melhor sem tanta neura. Na brecha da agenda deles a levou pra conhecer os lugares mais pitorescos do Rio. Como tinha que fazer exercícios e Thaís os obrigava a manter horários e dietas rígidas, ele a ajudava tornando a tarefa menos árdua.Ele a levou a praia e ela se encantou com Ipanema, com as pessoas aplaudindo o por do sol. Ele comprou um biscoito de povilho que ela nunca tinha visto.
- Ei! Agora seu batismo!
- Como assim?
Não dá pra vir a praia no Rio de Janeiro e não provar o biscoito globo é uma tradição carioca!
Ok, me dá isso aqui. – ela provou, arregalou os olhos em aprovação, adorou e roubou o saco de biscoito dele.
Ei! Como assim, volta aqui com meu biscoito, devolve!
É ruim, hein? Compra outro pra você! – falou ela rindo correndo dele.
Eu mereço! Tudo bem! Partiu Lapa, então?
Onde fica isso?
No Rio antigo, é um lugar muito legal, vou te deixar mais carioca, vem comigo. – falou ele empolgado. 
Ele a levou pra conhecer os arcos da Lapa, comprou pra ela um chapéu panamá feminino e a obrigou a andar de chinelos havaianas. 
Então, estou parecendo uma garota carioca suingue sangue bom? 
Hahahahahaha! Tá ótima! Agora vamos, que a Thaís tá prestes a comer nosso fígado se não voltarmos pro hotel em Copa.
Ainnnnn eu tava adorando isso aqui. Podemos voltar outro dia? Eu ainda não conheci o Cristo. 
Se sairmos vivos dessa escapadinha eu te levo lá. Agora, vam’bora!Ela fotografava e dava mais entrevistas a cada dia. Os eventos não paravam Fashion Rio, Fashion Business, Semana da moda, MTV, revistas de moda, blogueiras e fashionistas em cima para uma entrevista, tudo tão acelerado. Tanta gente nova pra conhecer, tanta gente amarga a detestando e amando por nada menos que sua aparência.Luisa as acompanhara, mas ficava apenas no escritório no Rio ou em seu apartamento, não costumava ir muito nos eventos sociais e quando aparecia não estava de muito bom humor, sempre ao telefone. Contudo, por incrível que pareça ao se dirigir a Dora era sempre muito simpática e sempre perguntava se estava bem, se não estava cansada demais, tinha real interesse no seu bem-estar.
Dora, imagino que esteja sendo puxado e um pouco difícil essa nova rotina, mas com o tempo vai se acostumar. Por sorte você ganhou um amigão que é o David, aproveita o quanto puder a estadia no Rio, não vou poder estar sempre com vocês, mas sei que ele vai te mostrar tudo. Está em boas mãos.
Obrigada, Luisa, pela preocupação, mas estou bem. O David é ótimo. – respondeu Dora que nunca sabia o que pensar da moça, ela era simples e boa e ao mesmo tempo sua rival, além de ser linda demais e embora ela, Dora também o fosse ainda se sentia ameaçada e acuada pelo passado dela com Caio e o pior de tudo Luisa o amava e o queria pra si. E quem a condenaria por amá-lo? “Ele era simplesmente... nove anos mais novo, pelo amor de Deus!” pensou. Pela primeira vez entendeu o fundo de suas desconfianças com ela. Nunca aceitara o fato dela ser uma mulher interessada num menino. E óbvio que esse menino ser o seu menino favorito não ajudava em nada a ela gostar dessa mulher em particular, porém se esforçava pra ser minimamente educada, polida e profissional. Luisa pensava que ao tomar conta de Dora e mantê-la segura com David das maldades que ela passou no mundo da moda, faria com que Caio entendesse que não a via como uma ameaça e mesmo que dolorosamente tivesse mesmo que desistir dele, jamais maltrataria quem ele ama. Mesmo assim ele se mantinha longe dela, era monossilábico nas ligações, quando simplesmente não a atendia. Isso a magoava profundamente, mas sabia que não devia ter forçado aquele beijo, Caio não era o tipo de cara que encara o relacionamento de forma leviana e ela jogou pesado para seduzi-lo aquela noite. Doía saber que tudo o que ela aprendera, todas as armas que tinha eram mais pra sua derrota do que sua vitória. Não conhecia outra forma de conquistá-lo e isso a deixava perdida e terrivelmente sozinha. Estava na hora de entregar os pontos de vez.
Caio contava os dias para ver Dora novamente, não tinha como ele não ter notícias suas. Rodrigo sempre o informava como ela estava e se não fosse por isso tinha sempre a mídia com tudo em cima dela e de David. Embora Caio soubesse que não havia nada entre os amigos modelos, sentia uma pontada de inveja por estarem sempre juntos. Ele ainda não sabia se ela desistira de conversar com ele sobre aquele beijo, se tudo o que sentiram havia se tornado irrelevante. Enquanto isso a pequena Carol o enchia de perguntas a respeito de Dora. Ele decidiu que iria ver a menina, pelo menos uma de suas meninas estava ao alcance de seu abraço.Foi uma surpresa mais que agradável rever Dora ali de pé na sua frente e ver que o sorriso que ele amava ainda estava ali pra ele, mesmo ela tentando disfarçar. Quem sabe desta vez tivessem a conversa que tanto precisavam. Eles foram buscar Carol no balé, comum para ambos estarem os 3 juntos de novo, mas algo estava notoriamente diferente, ela mantinha-se arredia e distante dele, quando a menina se afastou um pouco Dora abriu o coração sobre o que a afligia e ele se sentiu mais aliviado por não ser ele o motivo do distanciamento e achou que fosse o momento exato de entrar no assunto, quando a pequena voltou interrompendo o assunto por completo. Era frustrante, mas teria que ser paciente, deixou as duas em casa com a esperança de que em breve conversariam. Nem que ele tivesse de armar um sequestro pra isso, só que definitivamente e infelizmente isso não era uma opção.No dia seguinte foi surpreendido com a reunião entre amigos pra decidir o reveillon e ficou incrivelmente surpreso ao ver que Dora bancara um cruzeiro para todos e David não estava incluso naquela lista. Sabendo que Juliano ficaria no pé de Mel e Rodrigo e ele teria tempo pra passar com Dora. Arrumou suas malas e ligou para sua família avisando onde estaria.Pelo visto o cruzeiro abarcaria no Rio de Janeiro para verem os fogos do mar em Copacabana. Já tinha visto pela televisão, sabia que era um espetáculo apreciado por muita gente no mundo inteiro e estaria lá pra ver isso com seus amigos, sua família em Quatro Rios. 
Uma minivan da agência de turismo os buscou na portaria na manhã seguinte direto para o Cais de onde partiriam. Dora usava short de alfaiataria amarelo e uma blusa branca de seda e sandálias creme e um chapéu panamá e argolas, os cabelos cor de caramelo caindo em ondas soltos emolduravam seu rosto que havia voltado moreno de sol fazendo saltar mais ainda seus belos olhos dourados. Ela era linda e estava cada dia mais linda. Ele vestia um blusão azul e uma camiseta regata branca por baixo, short’s, boné e óculos escuros que Mel dera a ele e sandálias, Rodrigo no mesmo ritmo só que de blusa vermelha, já Juliano vestia esporte fino, um típico italianinho mafioso, harmonizava bem com Dora e Mel que seguiam essa linha. Mel estava com um belíssimo vestido coral, brincos de pérolas e sandália de salto baixo. Estava um tempo ótimo para risadas e coquetéis, só que ninguém bebia. As mulheres se encantavam com Juliano e isso deixava Mel irritada e ele feliz já que ela passava as vezes mais tempo afastando a mulherada do irmão do que com o próprio namorado. 
Caio! Por favor, me ajuda, não deixa essas pragas atacarem meu irmão.
  E eu tenho que virar babá desse carcamano? Eu, hein? Vou ali me inscrever na aula de salsa e vocês que se entendam.  
Tá rindo do que seu safado, tá gostando, né? – falou Mel dando um tapa no braço de Juliano que ria até ficar vermelho. 
Calma maninha, você fica engraçadinha com ciúmes. 
Fica linda, mas podia ser de mim e não dele. – falou Rodrigo.
  Você se acha o centro do universo, né garoto.Caio foi fazer a inscrição para a aula de salsa, Dora tinha ido pra cabine se trocar pra ficar na piscina. Ele terminou e foi pegar duas limonadas para ficar na piscina também. Ela estava deitada na espreguiçadeira de óculos escuros canga enrolada na cintura de biquíni branco.
Aceita uma limonada senhorita? –perguntou ele tentando abafar o riso. 
Pára de palhaçada, Caio e senta aí. 
Se está querendo me impressionar com tudo isso está conseguindo.
  Bobo! 
Podemos falar sério, agora?
Ela tirou os óculos e o olhou por debaixo dos longos cílios. 
Sobre? 
Você sabe. 
Sim, eu sei. – ela baixou os olhos, frustrada por não ter conseguido esconder o que sentia. 
Dora, naquele dia na Luteria eu me abri com você... 
É... enquanto você dizia o quanto estava confuso eu te beijei. Eu sei que isso deve ter te confundido mais, me perdoe. Eu gosto de você Caio Cruz, mas passei a vida inteira gostando muito menos de mim mesma e...
Dora, me deixa falar. 
Não! Eu sei bem o que vai dizer. Sei que não está pronto como eu queria que estivesse. 
Mas...
  E também agora não importa. Eu fiz certas escolhas no momento que eu precisava fazer independente de tudo o que já passei na vida, desde a rejeição do meu pai, da rejeição na escola, de não atender ao padrão Luísa de perfeição, enfim! Gosto de me olhar no espelho e aceitar o que vejo, mesmo que estranhe as vezes. Não sou do tipo superficial em que isso é o mais importante, mas aprendi a dar valor a mim mesma e não ficar sentindo pena e auto-comiseração o tempo todo. Descobri que eu tenho força pra lutar contra. 
Você sempre teve. 
Mas eu nunca acreditei Caio. Esse é o meu momento de me apresentar a mim mesma e viver. Quero que você faça parte disso, porque se tornou importante pra mim. Só que aquela Dora que te beijou em agradecimento pela sua honestidade, aquela Dora que aceitaria migalhas de afeto, quer conhecer o mundo e suas possibilidades. Aquela Dora não está perdida, mas infelizmente não será tão fácil encontrá-la.
  Não quero viver com saudades. – disse ele acariciando o rosto dela. 
Pode aprender a conviver com essa nova versão. Vamos voltar duas casas e sermos amigos sem interesses. Além disso, tenho minha carreira que ainda não sei se é temporária ou definitiva e como sou dessas que preferem a segurança ainda quero estudar com você pra passar na faculdade. Se estiver bem pra você também estará bem pra mim. 
Caio olhava pra ela, pra cada detalhe lindo do seu rosto. Ela estava completamente certa, e completamente errada, ele podia não estar pronto pra um romance, mas deixar morrer o que tinham era justo? Ele conseguiria? Ele tinha muito medo de se perder, de se ferir e jamais se perdoaria se a magoasse. Mesmo assim não podia deixar de sentir que ali, naquele momento, a estava perdendo. Ela prometera que seria sua amiga e isso devia bastar, não era o que ele mesmo queria? Tempo pra confiar nos próprios sentimentos, tempo pra ajustar a vida. Tempo pra acreditar que daria certo se arriscar de novo. Ele faria uso do tempo, afinal era só o que ela lhe oferecia. 
Ok! Acha mesmo que dar tempo ao tempo é a melhor resposta? Dora, eu sei que agi como um moleque imaturo e inconstante e mesmo agora eu to morrendo de medo que esse ano acabe e você não saiba que… 
- Eu sei, mas o problema é que você não tem certeza e eu sei que eu não quero ficar esperando você decidir sua vida pra decidir a minha. Gosto e prezo muito pela minha independência. Deixa eu viver isso, estou pensando em mim pra variar e não quero um romance frustrado estragando isso. 
- Te entendo, mas tenta me entender, eu comecei muito cedo e de forma errada e isso me mudou, complicou algo que poderia ser simples. Pra mim hoje ainda é complicado, mas não vou desistir de nós. Desde que te conheço me chama pra briga Isadora Evanz e eu nunca recuei, não vou começar agora. Vou lutar contra o meu medo e te provar que esse moleque virou homem. É uma promessa. E no dia que eu vencer, você vai conhecer um homem que realmente te quer e que não tem nenhum pudor em assumir isso. Só espero que neste dia não seja tarde demais. Por agora, aceito ser seu amigo.
Um frio percorreu a espinha de Dora ao ouvir essas palavras e de alguma maneira isso a deixou em paz e calma. Se ele a beijasse agora veria que sua resistência tinha ido ao chão, mas para seu alívio seu discurso de auto preservação o convenceu.
  Sim, amigos. eles avistaram então Mel, Rodrigo e Juliano se aproximaram da piscina onde eles conversavam. De repente ela viu os olhos dos rapazes se cruzarem com um sorriso cúmplice bem estranho só deu tempo de gritar: 
Corre Mel! Não deu tempo eles a atiraram na água e logo em seguida foi sua vez. Mel dava gargalhadas e tapas na água e afundava a cabeça de Juliano e Caio, Dora fazia o mesmo com Rodrigo. Ficaram brincando na água e se divertindo feito crianças. Passaram por diversas ilhas belíssimas onde puderam descer e fotografar, andar de pedalinho e bicicleta. 
A noite no convés teve um baile maravilhoso, era noite de ano novo. Os meninos aguardavam as garotas no convés, o céu estava límpido as estrelas salpicavam no imenso azul marinho. A banda tocava "The way you look tonight" de Tony Bennett. Juliano impecavelmente num terno italiano preto sem gravata e blusa branca usava os cabelos presos em gel pra trás, dessa vez Rodrigo e Caio o acompanharam no visual mais social, só que dispensaram o terno, era Rio de Janeiro e a noite estava quente. Rodrigo usava um colar com pingente de coco, camisa branca gola "v" allstar branco e calça branca. Caio de bermuda de alfaiataria branca e uma bata leve branca e sapatos oxford. 
- Essas meninas tem que demorar tanto?
- Acho que tá valendo a pena. - falou Rodrigo já avistando as duas vindo rindo de alguma piada entre elas. 
Dora estava num estilo indie linda demais num vestido vaporoso branco decotado na frente, com um mix de 3 colares de couro, dourado e um com pingente de amuleto verde esmeralda, headband de renda na cabeça e várias pulseiras de couro e dourada nos braços. Uma maquiagem leve com olhos bem marcados e brilho gloss e sandálias gregas, Mel apostara no vestido branco trapézio feito de rendas, argolas douradas e maquiagem parecida com a de Dora, porém apostara numa cor mais forte para os lábios um rosa que destacava a pele morena agora ainda mais corada do sol da tarde. Estavam lindas, Rodrigo abrira o melhor sorriso para a namorada e a irmã. Além de Caio, Juliano estava impressionado pela beleza estonteante de Dora e falou com Caio antes delas chegarem perto o suficiente pra ouvir.
- Caio, irmão. É melhor você correr, essa menina não vai ficar muito tempo solteira. Ela tá muito linda!
- Ei! Tá falando da minha irmã.
- Foi um elogio sincero cunhadinho. - ironizou.
- Infelizmente eu não posso fazer nada pra evitar. - falou Caio com o coração aos pulos.
- Meus pêsames, então.Dora olha para os rapazes admirando vê-los tão bem vestidos. Mel recebe um abraço caloroso de Rodrigo e outro do irmão, Rodrigo abraça Dora.
- Está linda, mana! Devia ter contratado seguranças, esses dois aqui estão babando por você. - disse orgulhoso da irmã.
- Confesso que essa noite você está demais com todo respeito. - falou Juliano a abraçando querendo provocar os dois.
- Vocês são terríveis! - falou ela se aconchegando no abraço do irmão e olhando pra Caio. Como desejara um abraço dele agora. Seria um crime?
- Acho que devíamos todos dançar. - falou Caio como se pudesse ler seus pensamentos, logo se apropriou dela a levando como seu par.
Estar com Dora em seus braços novamente mesmo que seja apenas como amigos era um passo, pelo menos dentro de si algo estava decidido neste ano, com toda certeza ele a amava e agora como meta para o novo ano era preciso conquistá-la e ele faria isso.  
Dançaram mudos, mantendo caladas as emoções que não eram cegas aos olhos e ela manteve-se firme no propósito de não ceder aqueles belos verdes olhos, se aconchegou em seu ombro e mirou as estrelas, seus segredos estariam mais seguros com elas, seus olhos eram demasiadamente traidores.
Rodrigo levou Mel e antes que Juliano protestasse, uma dama distinta e linda lhe segurou o ombro, ele sorriu e a acompanhou até a pista de dança. A música começou a ficar melhor a cada nota era festiva e alegre, eles se reuniram todos juntos pra pular e dançar como eternos amigos que sempre seriam. A vibe estava a todo o vapor e anunciaram que estava na hora da contagem regressiva. Foram para a popa do barco o céu começou a se iluminar de todas as formas de fogos, era um espetáculo a parte, cada um estava com sua própria vela artificial chamuscando ao som da banda, se abraçavam e desejavam um feliz ano novo.
- Feliz ano novo amiga! - falou Mel com os olhos marejados de mãos dadas com Dora sob o peito com as frontes coladas.
- Feliz ano novo, cunhada! - falou Dora, rindo e se virando para os meninos ainda de mãos dadas com a amiga e Caio as fotografou. Rodrigo puxou Caio para um abraço apertado também e ele olhou pra Juliano que estava abraçando Mel e Dora e o puxou pelo pescoço, o fazendo rir.
- Vem cá carcamano! - e o abraçou dando tapinhas nas suas costas.
- Então trégua de fim de ano? - perguntou Rodrigo, vendo Juliano ainda sério pro lado dele, mas abrira um leve sorriso de canto e dera dois passos a frente dando dois murros leves no peito de Rodrigo em tom de camaradagem.
- Feito.
De repente ouve-se um barulho um burburinho de pessoas que caminhavam rapidamente até Dora e gritavam. 
- É ela sim! Isadora Evanz! David! Ahhhhhhh!!! - gritavam uma turma de meninas do outro lado de onde eles estavam.
- David? - perguntou Dora ansiosa procurando o amigo com os olhos pelo barco enquanto uma horda de meninas enlouquecidas vinham em sua direção e seus amigos se puseram imediatamente em sua frente em proteção impedindo a visão.
- Ah-há! Te achei! - falou David que tinha dado a volta e pegara a todos de surpresa vindo por trás de Dora a pegando pela cintura e a rodando no alto, fazendo-a cair na gargalhada. 
- Feliz Ano Novo, pequena!
- Feliz ano novo, amigo lindo. - falou ela dando um abraço apertado nele. E ele a pôs no chão. Com quatro pares de olhos surpresos e interrogativos observando a súbita intimidade dos dois. Mel achara engraçado, Juliano investigava a expressão de Caio. Rodrigo estava tranquilo pois confiava em David, tiveram uma boa conversa antes dela viajar com ele e a agência, era um bom rapaz, foi o que também transmitiu a Caio que por sua vez tinha suas reservas com o modelo mais cobiçado do momento circulando por aí com tanta intimidade com Dora. 
David estava lindo como sempre de bata branca, bermuda cáqui e sandálias, soltou Dora e olhou pra quantidade de fãs vindo na direção deles e se apressou.
- Gente apresentações depois, vem comigo todo mundo que aquela galerinha ali não perdoa. Rápido! - falou ele puxando Dora pela mão com o resto acompanhando, os levou a uma torre alta e privada do cruzeiro onde só tinham eles e alguns poucos vip's. 
- Agora sim! O lugar certo pra nós! Pronto, me chamo David amigo da Dora, Rodrigo eu já conheço, parceiro. - apertou sua mão e deu dois tapinhas nas costas. 
- Feliz ano novo, cara. Sua namorada? - perguntou indicando Mel em seus braços.
- Sim! Me chamo Mel, muito prazer.
- Juliano Agnel, irmão da Mel. - falou ele estendendo a mão pra David.
- E você? Te vi com a Luísa na festa é do casting também?
- Não. Eu me chamo Caio, amigo de Luísa e de Dora. - falou Caio um tanto constrangido, ainda estava arrependido de ter saído com Luísa aquela noite, tudo mudou desde então.
- Desculpa, foi mal, prazer em conhecê-lo. 
- Como me achou? - perguntou Dora que estava realmente feliz de ver o novo amigo ali.
- Thaís e Luísa me contaram onde estava e uma delas me disse pra ficar de olho em você. Tinham medo desse tipo de situação.
- Nós a defenderíamos, não precisava. – falou Rodrigo em tom protetor.
- Com certeza! Não duvido, mas eu já estava com saudades dessa minha amiga aqui. Devia se mudar pro Rio, Dora. Isso aqui é a sua cara. - falou David.
- Discordo. - falou Caio que estava tentando não gostar de David, dava pra ver que ele a considerava como uma amiga, mesmo assim que certeza ele tinha? Ele mesmo era um “amigo” a princípio.
- Eu amo Quatro Rios, mas esses dois meses aqui me deixaram completamente apaixonada pela cidade, cada cantinho cheio de história e gente carinhosa. Dá pra ser muito feliz nesse lugar.
- Nem se assanhe mocinha eu acabei de te encontrar, viu? - falou Rodrigo a puxando dos braços amistosos de David.
- Eu sei, não vou deixar minha família. Quer saber vamos fazer um brinde a isso!
- A quê? – perguntou Caio curioso.
- À vida, a vocês, ao amor, aos novos sonhos, novos amigos, novos trabalhos. A esse novo ano lindo que está nascendo com um sorriso de orelha a orelha, no romance desses dois. - apontou pra Mel e Rodrigo que sorriram pra ela. 
- À nós um ano mais que feliz! Que seja surpreendente!Ao olhar para o rosto de seus amigos vira um brilho de esperança e fé, parou seus olhos em Caio que sorriu pra ela, com uma centelha que nos olhos e no coração que crescia cada vez mais forte.
- Um brinde ao Deus surpreendente que nos enlaçou nessa vida e a cada dia nos ensina como ser feliz. Feliz ano novo!
- Feliz Ano Novooooooo! - falaram todos brindando alto e dando um abraço em grupo ao som das próprias risadas. Era perfeito. Ao fundo tocava "Wave" de Tom Jobim, numa sequência o Samba do avião enquanto o sol despontava no horizonte sobre Copacabana. Eles sentaram-se na espreguiçadeira e apreciaram o show entre degustações e uma conversa animada contemplaram em silêncio o milagre natural e multicor de um novo e promissor amanhecer, para seus corações, sonhos, projetos e quem sabe novos laços.
“Rio, seu mar praia sem fim. Rio, você foi feito pra mim… Este samba é só porque Rio, eu gosto de você…”


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