18 de junho de 2013

Capítulo 14 - Paz em meio à guerra




Após o súbito desmaio de Mel; Rodrigo agiu imediatamente a amparando em seus braços e carregando-a para o apartamento dela e fechando a porta atrás de si. O fato curioso atrapalhou a discursão de Caio e Dora que por um instante pararam com o bate-boca.
-O que será que aconteceu com ela?
 - Dora pareceu preocupada.
-Não faço ideia. –concluiu Caio dando de ombros, porém demonstrando a mesma preocupação.
-Isso não é novidade. – debochou a garota – Homens. – disse revirando os olhos.
Caio cruzou os braços e com o semblante sério demostrou que não gostou do comentário de Dora.
-Não olha pra mim desse jeito. –falou intrigada – Eu não tenho culpa que os homens não tem o instinto que toda mulher tem.
-Ah, é?! – ele riu – E seus instintos femininos dizem o que dessa situação?
Dora ficou apreensiva e ponderou por alguns segundos.
-Ela deve estar com anemia. – arriscou demonstrando segurança no que dizia, entretanto sua voz embargada não trouxe convicção ao rapaz.
Ele riu dela.
-Sei. Vamos ver o que esta acontecendo. – Caio falou indo em direção a porta.
Dora por sua vez bufou de raiva por causa do sorriso sínico dele.
-Mel? Rodrigo? – os dois chamaram logo que Caio bateu na porta
Rodrigo abriu a porta instante depois. Os três se encararam sem dizer nada.
-Entrem. – disse Mel com a voz fraca e logo em seguida eles entraram.
Dora percebeu pelos olhos de Mel e Rodrigo que houve alguma coisa só que decidiu não perguntar por que seus olhos aparentavam estar marejados.
-Você está bem? – Dora perguntou se aproximando de Mel que já se encontrava sentada no sofá.
Mel só balançou a cabeça afirmando.
-Eu já dei os remédios dela. Só foi um pequeno susto. –Rodrigo dirigiu seu olhar pra ela – Não vai se repetir. – sua voz era terna e suave, mas falou como se fosse uma ordem para a garota.
-Afinal das contas, o que ela tem? – Perguntou Caio a Rodrigo.
Quando Rodrigo começou a explicar Dora se virou pra ele.
 -Bem... Ela Tem anemia e passou mal por não estar se alimentando direito. –Esclareceu fitando Mel como se pedisse permissão para contar o ocorrido.
Sem que os outros percebessem Dora deu um sorriso de vitória só por que tinha razão no que disse para Caio a respeito do mal estar de Mel.
-Então né... – Todos fitaram a garota que ficou constrangida com os olhares sobre ela - Que bom que está bem – virou-se para a dona do apartamento e respirou aliviando a tensão.
Em seguida Dora olhou para Caio para ver se ele estava impressionado com a habilidade dela, mas ele nem sequer reparou o que a deixou chateada.
-Não faça mais isso. Tem que se alimentar direito. – Caio aconselhou ela.
Mel acanhada passou as mãos nos cabelos escondendo-os atrás das orelhas.
-É ele tem razão. – Dora concordou com Caio.
-Enfim concordamos em alguma coisa. – disse vitorioso aproximando-se dela.
-Corrigindo o que disse. – ela levantou o dedo indicador – Pelo menos uma vez ele tem razão. – sorriu satisfeita.
-Pelo menos eu tenho razão. – ironizou o belo rapaz de olhos verdes.
Dora ia se pronunciar quando Rodrigo interveio.
-Vocês dois não vão começar de novo, não é?! – falou segurando os dois pelo ombro.
Dora e Caio se entreolharam constrangidos e lembraram que foi justamente quando discutiam que Melody passou mal.
-Ok. Vamos dar uma trégua.
Caio estendeu a mão para Dora que por sua vez estava relutante se seria bom se aliar ao inimigo. Com a sua demora Rodrigo lançou um olhar de reprovação.
-Tá bom. – apertou a mão de Caio finalizando as discursões e dando lugar a paz.
-Aproveitando que estamos aqui. Que tal ajudarmos a Mel com aquelas caixas? –Rodrigo sorriu apontando para a porta aberta onde ainda se encontrava as caixas da moça.
-É pra já. – Caio disse pegando a primeira caixa.
-Já que eu não tenho nada de importante pra fazer. – Dora falou com uma caixa já em seus braços e ao mesmo tempo Mel e Rodrigo riram dos dois.
-Nada de importante pra fazer?! – Caio olhou para ela – Isso é um fato minha cara Dora.
Caio passou a frente dela e a garota fez careta pra ele.
-Acho que esse é o inicio de uma bela amizade. –Anunciou Rodrigo para que todos ouvissem enquanto começava a pegar as caixas.
-Não exagera!!! –Gritou os dois briguentos da onde estavam e encararam um ao outro.
-Cuidado com as caixas da Mel. – alarmou Dora – Do jeito que você é bruto pode estragar alguma coisa. – Caio fez careta remedando ela o que a fez olhar brava pra ele.
Os dois foram em seguida buscar a segunda caixa de ambos e Caio mais uma vez passou na frente dela.
-Cavalheirismo zero! – Dora quase gritou.
Enquanto eles ainda persistiam em discutir Rodrigo já tinha levado três caixas e estava na quarta, Mel ainda estava sentada por ordens médicas do Drº Rodrigo.
-Você tem noção do quanto sua voz é irritante?! –Ironizou Caio ao se cruzar com a garota de óculos enfurecida.
Rodrigo passou por Mel e ela segurou seu braço.
-Sobre aquela história de “inicio de uma bela amizade”. Você acha que não falou cedo de mais?
Ela se referia ao fato dos dois continuarem de forma camuflada discutindo.
Rodrigo olhou para os dois que retornaram o olhar.
-Elementar minha cara Angnel, elementar. – Mel riu da expressão do rapaz.
Depois de alguns minutos todas as caixas estavam empilhadas na sala de Mel e enquanto elas foram empilhadas Rodrigo e ela se divertiam com Dora e Caio que ainda continuavam se desentendendo embora as discursões deles passaram para outro nível, ao invés de serem dois brigões eles pareciam duas crianças discutindo por um doce.
Parecia que uma lâmpada se acendeu na cabeça de Caio depois daquela trabalheira toda.
-Tive uma ideia. – o rapaz fitou Dora.
-Não vai fazer nenhuma piada? – indagou – Não. Por que é normal eu falar algo e você discordar. – se explicou.
Enquanto eles prosseguiam os outros dois só observavam.
-O caso é o seguinte, você é que discorda de tudo que eu falo e já que você teve uma ideia é melhor eu ouvir primeiro e depois tiro minhas conclusões. – disse satisfeita.
Caio ignorou a garota e prosseguiu.
-Como você não tem se alimentado bem e nós fizemos um acordo de vivermos em paz. –ignorou o fato que ele e Dora ainda estavam em guerra – eu proponho que façamos um jantar. Não é que eu queira me gabar, mas cozinho muito bem. Dora é prova disso. – apontou para ela.
-É verdade. –Concordou calmamente assim que todos olharam pra ela.
Mel e Rodrigo se espantaram. Em um momento os dois eram um campo minado explodindo de um lado para o outro e agora pareciam a leve brisa do outono que carregava consigo as folhas secas.
-Por mim tudo bem. – disse Mel ainda impressionada com os dois – Já que você oferece a janta eu ofereço a minha casa. Pode ser?
Caio consentiu com a cabeça.
-Só falta marcar o dia. – observou Rodrigo.
-Como esta em cima da hora pra este sábado que tal marcarmos para o próximo? – Sugeriu Caio.
-Ah sim. E até lá a garota morre de fome. – disse Dora sarcástica e depois riu do que disse.
Caio a olhou desapontado.
-Ok! Eu prometo não fazer mais gracinhas, é claro se ele parar de me chamar de irresponsável e coisas do tipo. – disse finalmente.
Rodrigo e Mel esperaram a reação de Caio.
-Certo! – concordou Caio.
E finalmente marcaram o jantar para o próximo final de semana.
*****
-O que está fazendo? – perguntou Lia ao entrar no quarto de sua irmã.
-Estou procurando uma roupa para o jantar na casa da Mel.
-Hum... aquela sua amiga do prédio que você trabalha? –perguntou mesmo sabendo a resposta.
-Sim. Que tal esta?
Perguntou Dora levantando uma calça jeans escura e uma blusa azul o que fez a irmã fazer uma careta.
-Afinal, o que tem de errado? É só um jantarzinho entre amigos. – esclareceu a garota.
-Ai Dora! – Lia balançou a cabeça negativamente – Primeiro não é só um “jantarzinho”, são novos amigos se conhecendo, você tem que passar uma boa impressão. Segundo vai ter garotos ou seja; interação com o sexo oposto ou seja você tem que estar apresentável e terceiro, por que não usa um vestido? – finalizou abrindo o guarda-roupa e pegando uns vestidos.
-Hello! –Dora balançou as mãos na frente da irmã – Isso não é um encontro. Não preciso estar toda emperiquitada.
Lia pegou um vestido azul-escuro de malha, meia estação que vai até os joelhos.
-Tem como estar bonita e elegante mais sem exagero. – falou colocando o vestido em frente a Dora – Confie em mim.
-É... – Dora analisou o vestido pelo espelho – Não é tão exagerado – por fim concordou com a irmã.
-Ótimo, vai tomar banho – empurrou a garota para o banheiro - ...e rápido senão não dá tempo de eu fazer a maquiagem.
Dora parou no meio do caminho e encarrou Lia.
-Calma. Tudo sem exagero lembra?!
Dora não tinha costume de se maquiar e estava apreensiva só de pensar em como os outros iriam vê-la. Por fim a irmã conseguiu convence-la a se arrumar melhor.
Estava bonita naquele vestido e a maquiagem era leve e não dava nem para ver embora destacasse seus olhos dando um ar bem jovial, a luta foi para conseguir soltar seus cabelos. Isso ela já achava um exagero, mas como persuadir era um dom de Lia, lá estava Dora no elevador subindo para o apartamento de Mel com seus longos cabelos solto e sem seus óculos e lembrando-se das ultimas palavras de sua irmã.
-Depois você me agradece... ah, e guarde esses óculos na bolsa, você só precisa dele para ver de longe.
Estava impressionada consigo mesma, entretanto como não tinha costume de se arrumar tanto estava se sentido uma otária.
Ao chegar no apartamento de Mel pensou milhares de vezes em voltar atrás, porém foi impedida por Rodrigo que chegou no mesmo instante.
-Está muito bonita. – elogiou o rapaz.
-Obrigada. – agradeceu com as bochechas começando a ficar vermelhas.
Rodrigo fez as honras e bateu na porta que logo foi aberta. Os dois foram surpreendidos por Bianca.
-Rodrigo. – disse ela logo cumprimentando o rapaz – E você deve ser a Dorcas! – falou sem dar a mínima importância para a garota.
-É Dora. – corrigiu-a, porém ela parecia não ouvir.
-Entrem. –Convidou-os – A Mel teve que ir no mercado por que acabou o sal, o óleo ou... –ela pensou – sei lá. Não importa. Então ela pediu para fazer sala pra vocês enquanto o mestre- cuca termina a janta.
Os dois ainda não entendiam o porquê de ela estar ali, mas foram logo se acomodando.
-Nossa eu fui a sua apresentação e você tocou tão bem. – comentou Bia sentando-se ao lado de Rodrigo – A proposito, você toca bem todos os dias e, além disso, canta muito bem é bonito.
-Obrigada! – agradeceu e olhou para Dora como se pedisse ajuda.
-Você trabalha com a Mel? – Dora perguntou tentando pensar em algo pra chamar a atenção da garota.
-Se eu pedir pra fazer uma música pra mim você faz? – Dora arregalou os olhos por causa do atrevimento de Bia.
E novamente Dora foi ignorada.
-Eu vou ver se o Caio precisa de ajuda. – levantou-se fugindo da fã do Rodrigo.
Aliviada chegou na cozinha. Caio estava concentrado no que fazia e não se virou para conversa com ela.
-O que teremos pra hoje? – perguntou assim que o viu com os seus afazeres.
-Como passou pela segurança Bianca? – indagou ainda de costas para a garota e ignorando a pergunta dela.
-Ah! Foi fácil. Felizmente eu não era uma procurada dela. Mas, o Rodrigo – ela fez cara de pesar e uma voz desolada – nós o perdemos.
E os dois riram da situação.
-Eu não conhecia a colega da Mel. – comentou Dora.
-Vi ela uma vez. – ele foi em direção ao forno e abriu – Ela veio aqui chamar a Mel para sair e por fim ficou para jantar.
-Entendo.
-Ai... – Caio estava com um pano-de-prato tentando tirar uma lasanha do forno.
-O que foi? – Dora deu a volta na mesa e imaginou que ele tinha queimado a mão e pegou outro pano.
-Queimei! – resmungou ele.
-Toma. – entregou o outro pano para ele.
-Obrigada – finalmente ele olhou pra ela e sorriu – Obrigada – agradeceu novamente pegando o pano.
-Já disse isso. – ela sorriu.
Ele permaneceu olhando ela. Ele parecia ter reparado em como ela estava bonita e ela percebeu  que ele reparou nela e isso de certa forma a deixou feliz. Ele também estava bonito usando uma calça preta e uma camisa de tecido branco o que deu certo charme ainda mais por ele estar cozinhando.
Dora não havia reparado em Rodrigo, porém Caio chamou sua atenção e acabou lembrando que Bianca estava de vestido também.
-Voilá! – disse colocando a lasanha sobre a mesa.
-Está divino! – disse com uma voz sonhadora.
-Hã?
-Divina. Eu quis dizer divina. – corrigiu-se.
Caio entendeu o que ela disse, mas preferiu ficar calado, não queria começar  implica-la tão cedo.
-Será que estão precisando de ajuda? – perguntou Rodrigo logo que chegou na cozinha seguido de Bia.
Rodrigo revirou os olhos e Caio riu da expressão do amigo.
-Já terminei tudo, agora só falta a Mel chegar com o shoyu. – o rapaz respondeu feliz.
-Não falta mais. – anunciou Mel ao entrar na cozinha surpreendendo a todos.
-Shoyu? – indagou Dora para Caio.
Dora novamente ficou feliz por perceber que Mel também estava de vestido.
-É pra salada e é ótimo. –respondeu Caio.
-É mesmo depois daquele dia que marcamos a janta eu e Caio conversamos sobre comida e ele me falou que gosta de colocar esse molho em quase tudo. – disse mostrando o vidro de molho – E agora eu não fico sem shoyu, principalmente na salada.
-Nossa, parece tudo muito bom. – elogiou Bianca se aproximando de Caio – Você deve ser um excelente cozinheiro, na próxima vez vamos fazer lá em casa e você cozinha pra mim. – disse se insinuando para Caio o que fez Mel arregalar os olhos  e Dora olhou para Bia de soslaio.
“A gente nem começou a jantar e a garota já tá falando na próxima. Acho que não é comer que ela quer”. – pensou indignada.
-Por mim tudo bem Bianca. – Caio foi gentil – Pra mim é sempre uma alegria fazer o que gosto. Ainda mais se for para os meus novos amigos.
Dora sorriu ao ouvir a palavra amigos.
-Bom... então vamos comer. –disse Mel.
-Se não se encomendarem gostaria de fazer uma oração pelo alimento. – pediu Caio.
-Fique a vontade. – permitiu Mel com seu jeito meigo.
Todos fecharam os olhos em sinal de respeito. Caio fez uma breve oração de agradecimento pelo alimento e todos finalizaram com um sonoro “amém”.
Durante a janta conversaram e riram muito. Era cedo ainda e eles aproveitariam o tempo para conversarem e se conhecerem mais.
-Que pena que sujou seu vestido Dora. Está tão linda. – disse Mel conduzindo a garota ao banheiro.
-Não tem problema. Eu sou meio desastrada mesmo. Se eu não derrubar nada na roupa, não sou eu – riu do seu próprio comentário.
Chegou ao banheiro e começou a passar uma agua na parte suja do vestido.
-Olha. – Mel chamou sua atenção – Espero que não esteja brava por Bianca estar aqui. – Dora fitou confusa – É que você pareceu não gostar quando ela se dirigiu ao Caio. É que você e o Caio...
-Não. Não há nada entre ele e eu. – suspirou – Acho que você entendeu errado. Lembra?! Caio e Dora, brigas, discursões e desentendimentos. A gente deu uma trégua, mas ainda brigamos. – disse apontando para a cabeça – Nós discutimos mentalmente.
Mel riu dela.
-Eu te espero na sala. – Mel saiu deixando ela sozinha.
Acabou de se limpar deixando seu vestido impecável e foi para sala. Chegando lá encontrou o pessoal conversando. Mel e Rodrigo falavam sobre música e Caio se divertia ouvindo as histórias de Bia e ninguém pareceu notar a presença de Dora. De repente o celular dela tocou e todos olharam pra ela. Dora deu um sorrisinho sem graça e foi para cozinha atender ao telefone.
Após falar ao telefone Dora foi pra sala pegar sua bolsa.
-Aonde você vai? – Mel perguntou percebendo que ela iria sair.
-Eram os pais da Carol. – explicou sobre o telefonema – Eles vão a um jantar e pediu para mim ficar com a Carol.
-Ai que pena! – lamentou Mel.
-Tudo bem. Mas, mesmo assim, obrigada pelo jantar. Até mais. – disse saindo as pressas.
****

-Vamos assistir um filme? – sugeriu Carol
-Tanto faz. – falou Dora desanimada.
Carol pegou o controle da TV e começou a trocar os canais. As duas estavam deitadas em um colchonete no chão.
-Olha, o único filme que esta passando é de terror. Legal né?! – riu Carol.
Dora fez uma careta pois tem pavor deste tipo de filme, mas mesmo assim começou a assistir o filme.
-Nossa que pão! – Falou distraída assim que apareceu um ator bonito em cena.
-Pão?! – Carol ficou confusa – Por que pão?
Dora ficou constrangida e pensou.
-É que ele é bonito e pão é gostoso então uma coisa tem a ver com a outra. – suas explicações estavam ficando piores.
-E o que tem a ver? Pão, gostoso e bonito? – a menina estava confusa.
-É só uma forma de dizer que o cara é bonito. – disse aliviada vendo que Carol desistiu de conversa para terminar de ver o filme.
As duas ficaram fazendo gracinha com as cenas de terror que nem deu pra ficar assustadas. Comeram pipoca e brigadeiro e assim que o filme acabou limparam a bagunça e por fim adormeceram no chão da sala.
-Dora. –A garota acordou assustada com a voz dos pais de Carol.
-Oi. – disse alerta – A gente acabou dormindo – riu nervosa.
-Tudo bem. A gente demorou mais do que devia. – explicou a mãe da menina enquanto o pai foi para o quarto.
-Tome.- disse entregando o dinheiro para a babá. – Pelas horas e extras e para o taxi.
Já estava tarde e Dora sabia que teria que enfrentar um taxi para chegar em casa.
-Obrigada. – agradeceu saindo.
Antes que fechasse a porta se surpreendeu com Caio no corredor.
-Caio?! – arqueou as sobrancelhas.
-Espera Dora. Eu não dei um beijo de boa noite. –Carol saiu correndo pela porta e abraçou a moça.
-Boa noite Carol. – Dora retribuiu o abraço e deu um beijo no rosto dela e Caio acariciou os cabelos da loirinha.
Antes que Carol voltasse para seu apartamento olhou bem para Caio e ficou parada.
-O que foi? – perguntou intrigado.
-Você parece o cara do filme. – a garotinha tinha um sorriso travesso. –Sabia que a Dora disse que você é um pão?!
-Pão? – Caio fitou Dora rindo e se divertindo com o jeito em que ela ficou corada.
-É... Sabe como é; gostoso e bonito. Vai entender. – a garotinha deu de ombros e voltou correndo para dentro fechando a porta.
Caio encarou a babá esperando que ela se explicasse.
-Não ligue pra ela. Eu não disse isso de você. – Caio deu um sorriso sínico o que começou a deixa-la nervosa – era do cara do filme.
-Sei.
-Eu nem sei por que estou me explicando. – saiu batendo perna furiosa.
Entrou no elevador e cruzou os braços.
-Espera. – Caio entrou também. – Eu preciso usar o elevador também.
Desceram calados. Enquanto Dora esperava o taxi na frente do prédio Caio em vez de ir para seu apartamento foi fazer companhia a ela.
Dora pegou os óculos na bolsa e colocou no rosto.
-Hum... de óculos. É tão você. – o rapaz se aproximou com o seu sorriso de lado.
-Se vai começar a me zoar é melhor sair de perto. – falou alerta.
-Calma! Amigos. Não morda. – falou como se conversasse comum cachorrinho – Foi só um comentário e não leve como uma ofensa. Você fica bem de óculos. – foi sincero.
-Lindona! – Ironizou ela.
-Por que esta brava? Achei que estávamos em paz. Aliais o jantar foi pra isso.
-Você não esta se saindo muito bem também. –comentou – Fica me provocando.
Ela cruzou os braços impaciente e olhou pra rua.
-Tudo bem! Eu não vou mexer com você mais. –ofereceu a mão a ela. – Será que podemos ser amigos? Sabe. De verdade?
Ela olhou para a mão dele estendida e olhou pra ele em seguida, mordeu os lábios e finalmente apertou a mão do rapaz. Demoraram em soltar as mãos e no mesmo momento não desgrudaram os olhos um dos outro.
“O que será que está passando na cabeça dele” – pensou Dora.
-Acha mesmo que eu sou um pão?
Quando percebeu que a coisa estava ficando seria e sem graça Caio decidiu abrir a boca para quebrar o clima fazendo com que Dora soltasse a mão dele e revirasse os olhos.
-Caio Cruz eu te odeio! – declarou começando a andar fazendo com que ele fosse atrás dela.













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 renata massa