10 de setembro de 2013

Capítulo 26

Capítulo 26 – Confissões

Rodrigo e Caio sumiram o que fez Dora, Melody e Juliano voltarem sem eles. Já era de madrugada e o tempo estava mais fresco. O condomínio não era tão longe dali então seguiram de a pé. A caminhada silenciosa aterrorizava Dora.
Mel estava tão calada e contemplativa e Juliano fitava sua irmã com aquele olhar de indagação.
-Está friozinho, né? – Dora tentou puxar assunto tentando quebrar o gelo.
Juliano e Melody pareciam estar tão perdidos em pensamentos que esqueceram que não estavam sozinhos.
-Tem razão. – Mel disse com desolação demostrando que estava triste algo que Dora já havia reparado há uns minutos atrás.
-Não, obrigada. – Dora recusou envergonhada – Era apenas – suspirou - ...um comentário.
-Tem certeza? – Juliano ofereceu novamente.
Acanhada Dora assentiu com a cabeça.
-Só estava achando que esse silêncio todo estava ficando meio incomodo. – Procurou se explicar.
Melody não disse mais nada, mas também não podia, era notório que sua tristeza era em relação ao Rodrigo. Como iria falar dele para sua amiga na frente do irmão? Isso com certeza ficaria pra mais tarde.
-Acho que estamos todos cansados. – Juliano falou para Dora e em seguida olhou para sua irmã – Foi uma noite agradável, porém cansativa. Talvez esse seja o motivo do nosso silencio.
Dora deu um sorriso demostrando que compreendia o que ele dissera
*  *  *
Finalmente estava em casa e na tranquilidade de seu quarto.
Deitada em sua cama e por mais que estivesse com sono não conseguia dormi. Seus pensamentos se debatiam com seus sentimentos e essa briga interna lhe arrancava o sono foi quando ouviu o barulho da porta de seu quarto e virou-se pra ver o que era.
-Dora está dormindo? – Mel falou quase sussurrando.
-Não. – Respondeu baixinho.
Melody encostou a porta e chegou mais perto vendo que Dora não estava com nenhuma vontade de se levantar.
Dora se perguntava no que a amiga fazia ali parada em pleno seu quarto, mas não ousou perguntar e esperou que a amiga se pronunciasse.
-Deve estar se perguntando por que eu estou aqui. - Mel começou a se explicar- Não estou conseguindo dormi, precisava conversa com alguém.
-Então somos duas. Estou com sono, mas são tantas coisas na cabeça que não consigo dormi. – Levantou-se e sentando-se encostou suas costas na cabeceira da cama.
Dora fez sinal para que Melody se sentasse na cama e logo a amiga se sentou aos pés da cama. Mel parecia ter algo pra dizer, mas estava engasgada, Dora não sabia se a amiga abriria a boca pra chorar ou pra falar.
-Acho que o Rodrigo está chateado comigo. – A voz de Mel saiu embargada e muito triste. – Mas, eu não fiz nada de errado, porém eu acho que ele pensa que não apoio ele...
-Não diz isso. – Dora falou consolando-a – Depois daquela linda música que ele cantou pra você acredito que todos os desentendimentos entre vocês se dissiparam e agora vocês podem viver a melhor parte do relacionamento que é o amor que sente um pelo outro. – Finalizou com um sorriso.
Mel a fitou estranhando o que ela acabará de dizer.
-Não. Não podemos não, além de ter meu irmão impedindo isso tem o fato de que ele sumiu logo depois de conversarmos. – Mel a alertou triste.
-Ah é, esqueci-me do Juliano. – Lembrou-se coçando a cabeça – Mas, o que você disse pra ele que o Rodrigo poderia ficar chateado? –Quis saber Dora.
Melody suspirou forte.
-É complicado, Dora. Não é que eu não queira te contar, mas é coisa entre ele e a família dele. – Esclareceu Mel.
-Tudo bem. –Compreendeu Dora – Eu entendo de conflitos familiares, eu mesma tenho os meus. –Dora se arrastou para os pés da cama junto da amiga.
As duas ficaram uns minutos em silêncio pensando sem saberem o que falar.
-Poxa vida, eu só quero ajuda-lo! Por que ele não deixa eu ficar do lado dele quando ele precisa e quando eu posso?!– Melody disse revoltada.
Dora mordeu os lábios.
-Talvez ele precise ficar um tempo sozinho e organizar seus pensamentos. Por mais que você queira ajudar ele precisa de uns momentos sozinhos para se encontrar. A gente entende bem disso, não é? – Dora olhou ternamente para a amiga.
-É eu sei. –Mel disse se acalmando – Mas, é tão ruim quando você ama alguém e tem que estar tão distante dela. – Melody deixou uma lágrima rolar.
-Nem me fale. – Dora suspirou – Sei bem como é isso.
Melody secou a lágrima e fitou a amiga.
-Dora você gosta do Caio?
-O que? Não, não e não. – Dora ficou nervosa – A gente não dá certo. Vivemos brigando.
- Primeiro eu não perguntei se vocês dão certo. Segundo vocês não andam brigando e... – Mel se recompôs da sua própria história e tentou ajudar a amiga com a dela.
-Por que minha mãe morreu. – Dora interrompeu Mel. – E se ela não tivesse morrido? Aposto que ele não estaria sendo tão legal comigo.
Mel pensou por um momento.
-Ele está com pena de mim Mel. E disso eu não preciso. Alias, eu não seria louca de competir com a réplica de Gisele Bundchen. – Sem querer confessou seus temores.
-Réplica de Gisele Bundchen? - Mel indagou confusa.
-É. No dia que minha mãe morreu eu o vi quase beijando uma mulher muito linda. Loira, alta, magra e muito elegante. – Explicou – E olha só pra mim, nem precisa competir pra ver quem vai ganhar.
-Você deve estar falando da tal Luísa. Eu ainda não a conheci. Mas, o Caio estava beijando ela? – Mel ficou surpresa.
-Não estavam se beijando. Porém, ela estava tentando beija-lo pelo que vi e depois ... – Dora parou.
-Sua irmã te ligou e deu a noticia, né? – Mel falou com cuidado e Dora confirmou com a cabeça.
-Depois disso todas as lembranças são muito vagas. Lembro-me de Caio correndo em minha direção, da Luísa falando comigo, de eu ser dopada e de como fui parar no seu apartamento. – Lembrou-se desolada – Mas, é melhor esquecer essa história.
Mel negou com a cabeça.
-Não. Agora é a minha vez de ajuda-la a descobrir seus sentimentos. – Mel refletiu – Lembra que você me ajudou? – Dora arqueou as sobrancelhas olhando para o lado da amiga - Vamos pensar. – Mel tentou imitar o jeito que Dora tinha feito com ela no outro dia e Dora riu – O que acontece com você quando você vê Caio Cruz? O que passa pela sua cabeça? Seu estomago revira como se tivesse borboletas? –Melody agia como uma repórter o que fez Dora sorrir e esquecer que estivera triste.
-Só você mesmo Mel. – riu Dora. – Não dá, a concorrência é grande então melhor desistir do produto. – Falou consternada.
-Ele não é um produto.
-Eu sei só que você entendeu bem o que eu disse. É melhor eu não me iludir. – Disse sem jeito.
-Hum... estamos chegando em algum lugar. –Mel analisou.
-Mel... –Dora tentou repreender a amiga com sua voz fraca.
Mel fingiu não ouvir e prosseguiu.
-Imagina que apesar de Luisa ser bonita, para Caio ela seja passado e hoje ele só tem olhos pra você. Como você descreveria isso? – Dora a olhou rejeitando tal pensamento. – É sério Dora. Pensa só por um momento...
Dora começou a cair na ideia de Melody. Ela se sentiu como presa em um sonho, mas sabia que estava vivendo a realidade. Todos os bons momentos com Caio até os olhares mais significativos dele para ela passaram pela sua cabeça como num filme e de repente a pergunta de Mel latejou em sua mente. “Se Caio tivesse olhos só para ela como ela conseguiria descrever isso”?
-Seria...-Sussurrou - ...maravilhoso. – declarou sonhadora.
Melody sorriu com a confissão da amiga.
-Ai, Mel eu gosto tanto dele. –disse inclinando a cabeça sobre a amiga.
-Eu sei amiga. Já percebi os olhares. – Mel passou a mão sobre os cabelos da amiga consolando-a.
-Não conta pra ele. – pediu.
-Tudo bem, mas iremos descobrir o que ele sente por você.
Melody já fazia ideia dos sentimentos de Caio por Dora, porém preferiu evitar informar a amiga para não criar falsas expectativas.
-É melhor a gente ir dormi. Amanhã tenho um compromisso imperdível, não é?
 - Dora sugeriu a Mel.
-É verdade – Mel deu um sorriso significativo. – Será um dia maravilhoso.
Dora não compreendeu o otimismo da amiga, mas deixou quieto, talvez ela esteja querendo anima-la dizendo que a tarde com a Carol será bem divertida e encerando a conversa foram dormi.
(***)
Já era nove da manhã do sábado e Carol preparava seu leite com chocolate como fazia todas as manhãs que não tinha aula. A garotinha gostava de estudar, mas era bom ter algumas manhãs de folga para curtir seus desenhos e programas preferidos só ficava triste por não ter a companhia de sua babá nos fins de semana.

A garotinha ouviu alguém na porta bater e como sua mãe estava no quarto deitada, descansando da semana puxada a menina foi ver quem era.
-Oi Carol. – Disse Caio logo que a menina abriu a porta.
-Oi meu irmão mais velho. – A garotinha o cumprimentou com um abraço e um belo sorriso no rosto. – Tudo bem com você?
-Tudo. E com você minha linda?! – Caio adorava aquela garotinha ela o fazia sentir saudades de seus sobrinhos – Carol eu queria saber se você fez o que prometeu?
Carol deu um sorriso travesso antes de responder.
-Está tudo certo. Eu não falei nada do encontro surpresa e ela nem perguntou da nossa tarde divertida no parque. – Carol falava como se fosse mais velha, afinal era uma garotinha de oito anos bem esperta. – Acho que ela acredita mesmo que a surpresa é pra mim. Tem certeza que eu não posso ir junto? – fez beicinho.
Caio sorriu admirado com o domínio que a menina aparentava ter apesar da idade.
-Sinto muito Carol. –Ela fez uma carinha triste – Prometo que planejo algo que envolva você, mas desta vez só será a Dora e eu.
Carol revirou os olhinhos azuis e compreendendo a situação.
-Já sei é um encontro. – concluiu.
-É quase isso, só que entre amigos, entendeu?
 - Ele procurou esconder o que já estava evidente e Carol afirmou com a cabeça. – Então... eu vou indo, está bem?

-Ok.... Espera. – Alarmou a garotinha assim que Caio deu as costas.
O rapaz se virou encarando-a.
-O que foi? – Perguntou apreensivo.
-Eu sei que muitas mulheres podem achar o visual de barba para fazer um charme, mas pega mal no primeiro encontro então sugiro que faça a barba e passe uma loção de barbear bem cheirosa que nem meu pai faz quando quer sair pra jantar com minha mãe. – Carol objetou seriamente.
-Ok. – Concordou o jovem.
-E... corte esse cabelo. – concluiu cruzando seus bracinhos magrelos.
Caio segurou uma mecha do seu próprio cabelo que realmente necessitava de ser aparado, mas o rapaz não compreendia a preocupação da menina com sua aparência.
-O que tem errado com o meu cabelo? – indagou confuso.
-Está muito comprido parece até que você é um desmazelado. – Carol falava como se fosse uma especialista. – Não me leve a mal irmãozinho. Você é bonito, mas ficara um charme se seguir minhas recomendações. – encerrou.
-Tá bom, tá bom. Fazer barba e cortar o cabelo. Que ideia menina. Dá onde tirou tudo isso? – Riu da garotinha.
-Da televisão, é obvio. – Carol deixou claro.
-Tem razão. Então já vou indo. – Disse já saindo – Até mais Carol.
-Até. Depois quero saber dos detalhes. – quase gritou a ultima frase.
Caio saiu às pressas antes que a menina sugerisse que comprasse flores. Ai sim isso sim seria demais.
 (****)
Dora esperava Marta mãe de Carol aparecer com a menina, ela não entendera porque de Mel auxiliá-la na produção para passar um dia inteiro com uma criança.
Ela estava de vestido azul de flores corais cinto fino azul, sapatilhas azuis, cabelos soltos presos apenas por um arco, argolas e um cardigã leve amarelinho porque apesar do sol, os ventos estavam um pouco frios. Embora Carol fosse uma criança, agora, fácil de lidar, essa não era uma roupa típica para eventos em público com crianças. 
O parque natural da cidade de 4 Rios era lindo, incrível como só se lembrava de tê-lo frequentado quando criança e ainda possuía o mesmo encanto daquela época, o lago límpido e cristalino, as garças que pousavam nele, o caminho de rosas amarelas, brancas e vermelhas que era uma alegria só. Os balanços de pneu e outros de madeira presos a árvores gigantescas. Tinha uma que era a mais famosa por seu tronco largo e os amigos costumavam a dar a volta nela tentando abraçá-la, lindo ver que embora tempos passados ela ainda sentia a vontade de ter vários amigos pra tentar e agora tinha, Mel, Rodrigo e Caio e quem sabe Juliano se parasse com toda aquela implicância com o pobre Rodrigo.
Um dos lugares que também adoraria ter um momento era na ponte de galhos retorcidos com prímulas floridas em seus galhos por onde embaixo casais passeavam de barco e tocavam confidências e beijos castos.
De repente sobre a ponte ela viu um jovem muito peculiar, pior muito familiar com alguma diferença, ajustou o foco, franzindo as densas sobrancelhas e percebeu com um pulo em seu peito era Caio.
















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 renata massa